Em homenagem aos 50 anos do aniversário de morte de José María Arguedas em 2019 e ao “Ano Internacional das Línguas Indígenas” pela UNESCO, este estudo pretende analisar alguns aspectos de sua ficção concernentes ao bilinguismo quechua espanhol e ao processo de autotradução no autor a partir de uma leitura de Berman e Andalzúa. Para tanto, partiremos da análise de sua obra narrativa a partir da teoria da tradução de Walter Benjamin e ainda de alguns críticos de sua obra, tais como: Alberto Escobar, Lienhardt, entre outros. É relevante considerar o bilinguismo no Peru e suas políticas de línguas num país que é plurilíngue e possui grande diversidade linguística e cultural. Apontaremos como resultado deste estudo que a obra do autor ganha em variação quanto às estratégias do traduzir na tentativa de “infundir a essência” do quechua no espanhol, o que estava presente desde suas primeiras obras de ficção e que assume contornos variados e de maior complexidade após sua formação antropológica e a tradução do manuscrito de Huarochirí. Observaremos que desde a análise de Alberto Escobar que aponta o fato de a escrita de Arguedas ir além de um viés “estético-literário” e se fundar em certos “rasgos de literariedad y significación” a partir das quais transpõem à escrita as tensões do universo cultural do contexto andino. A partir deste estudo, veremos que a obra arguediana lança mão de estratégias de tradução diversas, devido ao fato de que Arguedas reivindica o quechua em sua obra, numa espécie de autotradução.