Este artigo descreve a concepção de ciência predominante entre estudantes do curso de licenciatura em Ciências Biológicas durante o processo de instrumentação para o ensino experimental das ciências naturais em nível da educação fundamental. O estudo tomou como parâmetro a caracterização dos principais paradigmas de produção de conhecimento, desde a antiguidade clássica à modernidade contemporânea. De tal modo, além da fundamentação ancorada centralmente nas considerações de Borges (2007), somam-se, também, contribuições que se mostraram pertinentes no decorrer do processo de construção do eixo teórico-conceitual que, no seu conjunto, sustenta as análises. Do ponto de vista dos procedimentos metodológicos, em face da complexidade das questões examinadas, foi adotada a estratégia da pesquisa de métodos mistos concomitante (CRESWELL, 2010). Assim sendo, as sondagens contemplaram a aplicação de questionário composto de questões fechadas e abertas, bem como incluíram a análise de conteúdo de relatórios contínuos de atividades de instrumentação, os quais foram produzidos em contextos específicos de formação de professores visando o desenvolvimento de competências e habilidades práticas profissionais (WARD et. al., 2010). A constatação do predomínio da concepção construtivista de ciência entre os licenciandos investigados contrariou a hipótese previamente estabelecida com fulcro nos levantamentos literários realizados, mas, sobretudo, possibilitou redimensionar as teses mais frequentes de análise dos problemas mais expressivos do ensino de ciências, ampliando as discussões para além do foco corriqueiro em torno da baixa frequência ou mesmo ausência de aulas práticas na educação básica como um todo, portanto, reiterando a heterogeneidade dos aspectos relativos à compreensão da natureza do conhecimento científico nos processos de ensino e aprendizagem científicos (DELIZOICOV et. al., 2009).