Artigo Anais I CONEDU

ANAIS de Evento

ISSN: 2358-8829

A FORMAÇÃO DOCENTE E APRENDIZAGEM DA LEITURA NA LITERATURA INFANTIL NOS ANOS INICIAIS

Palavra-chaves: FORMAÇÃO DOCENTE, LEITURA, LITERATURA INFANTIL Pôster (PO) FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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      INTRODUÇÃO:\r\n
      \r\n
      \tO tema da leitura e seu papel formativo na constituição do sujeito, seja ele professor ou aluno, é uma discussão da qual vários autores já se debruçaram (LOIS, 2010; KLEIMAN, 1989; GÓES, 2010), dentre outros. O objetivo principal desse texto é lançar questões sobre o papel da leitura na formação do sujeito, e mais especificamente, do professor, e consequentemente do aluno, um professor formado e motivado a leitura será também um formador de bons leitores.\r\n
      Em momento algum se pretende fornecer respostas para a discussão, antes de qualquer coisa, é necessário promover questionamentos que nos façam refletir sobre nossa formação e nossa prática em sala de aula. Ao discutir o tema, realizo, também, um movimento de reflexão de si mesma, de como o ato de ler pode nos ajudar na prática docente e tornar-se componente essencial da formação, humana e profissional. Assim, o grande referencial para nossa proposta é discutir a educação como foco principal, o cenário atual do mundo, em seus contextos sociais, políticos, econômicos e culturais nos convidam para pensarmos na educação e na leitura como instrumentos de transformação do mundo. \r\n
      Falar em formação é falar de si mesma, do percurso que trilhamos até a sala de aula, considero que a formação não se dá apenas nos bancos das universidades, ela se estabelece no dia-a-dia, no convívio com o outro e com a leitura, de textos e do mundo. Rever a trajetória ou fazer um recorte dos caminhos que nos levam a sala de aula é sempre relevante e extremamente edificante, tendo em vista que nos faz passar por um processo de auto-avaliação e auto-critica, tendo em vista que muitas vezes nos intimidamos em reconhecer as nossas limitações e incertezas quando a nossa atuação. \r\n
      É interessante pensar a formação do professor como um primeiro passo para a melhoria da educação. Entendo que nada adianta os investimentos na estrutura das escolas ou universidades, se não tivermos um professor com uma sólida e multicultural formação. Formar bons professores deveria ser, a meu ver o principio fundamental da educação brasileira. \t\r\n
      \r\n
      Metodologia:\r\n
      \r\n
      Por se tratar de uma proposta de pesquisa ainda em andamento, procedemos com a leitura e discussão de textos, buscando assim o entendimento do tema da leitura e escrita na formação docente. Embora muitos não concordem com suas proposições sobre a educação, Paulo Freire (1989) ainda pode ser visto como um dos mais importantes educadores de nosso tempo, ao dedicar uma vida inteira a educação, este deixou claro que a leitura é um instrumento de transformação dos sujeitos e da sociedade, e emancipação humana, para Paulo Freire, passa impreterivelmente pela leitura. Como ele mesmo postulava a leitura não pode ser reduzida ao simples ato de decifrar letras, códigos do procedimento de escrita, mas em interpretar, buscar e conceder sentidos ao texto, ao texto que pode ser aquele do livro, mas que também pode ser o “texto-mundo”, o “texto-vida”.\r\n
      Em, “A importância do ator de ler”, Paulo Freire faz uma abordagem, sobre aquilo que é expresso em seu titulo, trata-se de uma profícua reflexão sobre o ato da leitura, importante ressaltar que pela palavra ato já podemos entender o entendimento do autor sobre leitura, ela não é compreendida como algo alheio ou descompromissado com a realidade, mas por ser um ato, é uma ação, um movimento do sujeito na compreensão do texto. \r\n
      Falar em leitura é falar de um tema múltiplo, tendo em vista que ela não se faz presente unicamente no cotidiano escolar, mas perpassa a sociedade, as organizações e instâncias educativas. O tema da leitura levanta ainda outras questões. Uma primeira questão poderia ser, sobre o significado da leitura, que já foi destacado que o educador Pernambuco, Paulo Freire, a leitura é um ato de transformação de si e da realidade, o que vem de encontro ao que defende a pesquisadora Lena Lois (2010);\r\n
      Segundo a autora, é preciso antes de tudo, perguntar-se sobre o que é leitura. Trata-se de uma pergunta conceitual. Que pretende questionar sobre o significado, sobre aquilo que se quer dizer quando se fala em leitura. Entendo o que ela é, teremos então a possibilidade de adentrarmos em suas particularidades. Compreendo que indagar sobre os significados da leitura deveria se constituir em um importante ponto de partida para nossas reflexões. Mas, pensando de acordo com Lois (op cit.), porque se tem tanto interesse pela leitura? Porque se perguntam quais os danos para uma nação de não-leitores? Será que os jovens e as crianças estão abandonando o ato de ler?\r\n
      A leitura como elemento central da prática pedagógica tem a finalidade de fazer com que a criança aprenda a pensar verdadeiramente para aprender a interpretar a realidade social em que vive. Ler diariamente para os alunos é uma atividade imprescindível para criar-se o hábito de leitura. A leitura só despertará interesse quando interagir com o leitor, quando fizer sentido e trouxer conceitos que se articule com as informações que já se tem e esta é uma das tarefas primordiais que o professor tem ao preparar suas aulas. É acima de tudo, uma estratégia metodológica com uma política dos educadores que queiram ir para além dos métodos pedagógicos motivacionais.\r\n
      Como estratégia metodológica a leitura pode ser desenvolvida como possiblidade para o desenvolvimento da linguagem. Ao lado de suas preocupações constantes com as questões do desenvolvimento, Vygotsky enfatiza a importância dos processos de aprendizagem. Nesse sentido, continuo defendendo o preponderante papel da leitura na formação do sujeito, e de modo especial na formação de professores. Ela participa dos mecanismos de aprendizagem. Contudo, é importante pensarmos como a leitura pode ser analisada a partir de outros olhares, no caso da história a partir do pensamento de Roger Chartier.\r\n
      \r\n
      DISCUSSÃO: A LEITURA PRÁTICA ENTRE PRÁTICA E APROPRIAÇÃO\r\n
      \r\n
      \tConsiderado um dos mais importantes pesquisadores da atualidade, Roger Chartier, tem destaque importante os seus estudos sobre as práticas de leitura (1998; 2003).  Sua atuação se dá, sobretudo, como professor, tendo lecionado nas mais importantes instituições de ensino da Europa, a titulo de exemplo podemos citar sua atuação no Lycée Louis-Le-Grand, em Paris, de 1969 a 1970, quando integrou à Université Paris I, como assistente de história moderna até 1975. \r\n
      A leitura, ou melhor, as práticas de leitura, sempre estiveram, presente em suas pesquisas e reflexões. Seu percurso de pesquisa tem inicio no campo da educação, em parceria como historiador francês, Dominique Julia. Seus estudos levaram a suas principais teses, que ao nosso interesse, são objetivamente duas. A primeira seria a noção de que a leitura e todos os gestos que a compreendem são variantes históricos, o que implica em dizer que a cada momento histórico temos práticas de leitura distintas, que acompanham as demandas sociais e culturais de cada momento. \r\n
      A leitura é uma ação humana, é cheia de gestos e porquês (?), que se definem em conformidade com aspectos mais diminutos do cotidiano. Essa ideia só confirma tudo aquilo que trago no inicio do texto, que a leitura é uma prática em que o sujeito, a partir de sua realidade, social, cultural, politica, etc., concedem sentidos ao mundo, interpreta-o a partir de filtros, ele vai ao livro, e busca nele respostas. Nesse sentido, a leitura desempenha um papel impar na formação. Deve se tornar algo convidativo e ao mesmo proporcionar o aprendizado do aluno, levando em conta as realidades em que este está inserido e mesmo, o nível escolar de cada um. Mesmo no ensino fundamental é possível trabalhar com a leitura.\r\n
      Annie Rouxel (2013) nos convida, a no ato de ensinar e despertar o gosto pela leitura criarmos a concepção de que a leitura nas séries iniciais, já pode caminhar no sentido de ler o texto e renunciar as imposições dele, ou seja, a autora propõe crie uma cultura de que o leitor é um criador, se apropria do texto e traça interpretações múltiplas dele. Convidar a ler é em grande medida despertar a curiosidade e a capacidade interpretativa da criança, trata-se de um movimento bilateral, que tanto parte do professor como do aluno. \r\n
      \tPor ser uma literatura mais simples, mais aberta para a criação de outras ideias, acredito que a literatura infantil possa ser de grande utilidade para a prática pedagógica. Ela, ao mesmo tempo em que ajuda no desenvolvimento da escrita e da leitura, também, auxilia no desenvolvimento do aluno em criar imagens, reinventar os personagens. A literatura infantil deve fazer parte do cotidiano escolar desde as series iniciais, tendo em vista que se trata de uma prática que só é possível a observação de resultados em médio prazo.\r\n
      \r\n
      CONSIDERAÇÕES FINAIS:\r\n
      O professor, enquanto formador de sentidos e estimulador da aprendizagem, deve inserir em sua formação, e posteriormente, em sua prática a leitura como componente formativo essencial. É preciso que encaremos a leitura não como uma decifração de códigos, mas como uma atividade criativa do individuo, através da leitura podemos descobrir um mundo que muitas vezes permanece escondido nas palavras, um mundo que apenas se revela através da intencionalidade do leitor. Na medida em que o professor passa a adotar em sua vida uma prática de leitura como as defendidas por Freire e Chartier, ele vai fazendo com que o mundo da criança vá sendo um mundo onde a leitura não é mais uma atividade escolar, mas se torna um momento em que a imaginação e a criação fluem, fazendo da sala de aula um ambiente atrativo, e convidativo à criação.\r\n
      \r\n
      REFERÊNCIAS:\r\n
      AZEVEDO, Rosa Oliveira; GHEDIN, Evandro; SILVA-FORSBERG, Maria Clara; GONZAGA, Amarildo Menezes. Formação inicial de professores da educação básica no Brasil trajetória e perspectivas. Revista Diálogo Educativo. Curitiba, v. 12, n. 37, set./dez. 2012, pp, 997-1026.\r\n
      BRITO, Danielle Santos de. A importância da leitura na formação social do Indivíduo. Revela, periódico de divulgação científica da FALS. Ano IV - nº VIII- jun. 2010.\r\n
      CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Tradução Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. São Paulo: UNESP e Imprensa Oficial SP, 1998.\r\n
      _______________. Leituras e leitores na França do Antigo Regime. Tradução Álvaro Lorencini. São Paulo: UNESP, 2003. \r\n
      FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.\r\n
      GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura para crianças e jovens. São Paulo: Paulinas, 2010 (Coleção Literatura & ensino).\r\n
      LOIS, Lena. Teoria e prática da formação do leitor: leitura e literatura na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2010.\r\n
      OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: Um processo sócio-histórico. São Paulo, Scipione, 1997.\r\n
      ROUXEL, Annie. Aspectos metodológicos do ensino da literatura. In; DALVI, Maria Amélia [et al.] (Orgs.). Leitura de literatura na escola. São Paulo, SP: Parábola, 2013.
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      Em momento algum se pretende fornecer respostas para a discussão, antes de qualquer coisa, é necessário promover questionamentos que nos façam refletir sobre nossa formação e nossa prática em sala de aula. Ao discutir o tema, realizo, também, um movimento de reflexão de si mesma, de como o ato de ler pode nos ajudar na prática docente e tornar-se componente essencial da formação, humana e profissional. Assim, o grande referencial para nossa proposta é discutir a educação como foco principal, o cenário atual do mundo, em seus contextos sociais, políticos, econômicos e culturais nos convidam para pensarmos na educação e na leitura como instrumentos de transformação do mundo. \r\n
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      A leitura, ou melhor, as práticas de leitura, sempre estiveram, presente em suas pesquisas e reflexões. Seu percurso de pesquisa tem inicio no campo da educação, em parceria como historiador francês, Dominique Julia. Seus estudos levaram a suas principais teses, que ao nosso interesse, são objetivamente duas. A primeira seria a noção de que a leitura e todos os gestos que a compreendem são variantes históricos, o que implica em dizer que a cada momento histórico temos práticas de leitura distintas, que acompanham as demandas sociais e culturais de cada momento. \r\n
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      Annie Rouxel (2013) nos convida, a no ato de ensinar e despertar o gosto pela leitura criarmos a concepção de que a leitura nas séries iniciais, já pode caminhar no sentido de ler o texto e renunciar as imposições dele, ou seja, a autora propõe crie uma cultura de que o leitor é um criador, se apropria do texto e traça interpretações múltiplas dele. Convidar a ler é em grande medida despertar a curiosidade e a capacidade interpretativa da criança, trata-se de um movimento bilateral, que tanto parte do professor como do aluno. \r\n
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      AZEVEDO, Rosa Oliveira; GHEDIN, Evandro; SILVA-FORSBERG, Maria Clara; GONZAGA, Amarildo Menezes. Formação inicial de professores da educação básica no Brasil trajetória e perspectivas. Revista Diálogo Educativo. Curitiba, v. 12, n. 37, set./dez. 2012, pp, 997-1026.\r\n
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Publicado em 18 de setembro de 2014

Resumo

INTRODUÇÃO: O tema da leitura e seu papel formativo na constituição do sujeito, seja ele professor ou aluno, é uma discussão da qual vários autores já se debruçaram (LOIS, 2010; KLEIMAN, 1989; GÓES, 2010), dentre outros. O objetivo principal desse texto é lançar questões sobre o papel da leitura na formação do sujeito, e mais especificamente, do professor, e consequentemente do aluno, um professor formado e motivado a leitura será também um formador de bons leitores. Em momento algum se pretende fornecer respostas para a discussão, antes de qualquer coisa, é necessário promover questionamentos que nos façam refletir sobre nossa formação e nossa prática em sala de aula. Ao discutir o tema, realizo, também, um movimento de reflexão de si mesma, de como o ato de ler pode nos ajudar na prática docente e tornar-se componente essencial da formação, humana e profissional. Assim, o grande referencial para nossa proposta é discutir a educação como foco principal, o cenário atual do mundo, em seus contextos sociais, políticos, econômicos e culturais nos convidam para pensarmos na educação e na leitura como instrumentos de transformação do mundo. Falar em formação é falar de si mesma, do percurso que trilhamos até a sala de aula, considero que a formação não se dá apenas nos bancos das universidades, ela se estabelece no dia-a-dia, no convívio com o outro e com a leitura, de textos e do mundo. Rever a trajetória ou fazer um recorte dos caminhos que nos levam a sala de aula é sempre relevante e extremamente edificante, tendo em vista que nos faz passar por um processo de auto-avaliação e auto-critica, tendo em vista que muitas vezes nos intimidamos em reconhecer as nossas limitações e incertezas quando a nossa atuação. É interessante pensar a formação do professor como um primeiro passo para a melhoria da educação. Entendo que nada adianta os investimentos na estrutura das escolas ou universidades, se não tivermos um professor com uma sólida e multicultural formação. Formar bons professores deveria ser, a meu ver o principio fundamental da educação brasileira. Metodologia: Por se tratar de uma proposta de pesquisa ainda em andamento, procedemos com a leitura e discussão de textos, buscando assim o entendimento do tema da leitura e escrita na formação docente. Embora muitos não concordem com suas proposições sobre a educação, Paulo Freire (1989) ainda pode ser visto como um dos mais importantes educadores de nosso tempo, ao dedicar uma vida inteira a educação, este deixou claro que a leitura é um instrumento de transformação dos sujeitos e da sociedade, e emancipação humana, para Paulo Freire, passa impreterivelmente pela leitura. Como ele mesmo postulava a leitura não pode ser reduzida ao simples ato de decifrar letras, códigos do procedimento de escrita, mas em interpretar, buscar e conceder sentidos ao texto, ao texto que pode ser aquele do livro, mas que também pode ser o “texto-mundo”, o “texto-vida”. Em, “A importância do ator de ler”, Paulo Freire faz uma abordagem, sobre aquilo que é expresso em seu titulo, trata-se de uma profícua reflexão sobre o ato da leitura, importante ressaltar que pela palavra ato já podemos entender o entendimento do autor sobre leitura, ela não é compreendida como algo alheio ou descompromissado com a realidade, mas por ser um ato, é uma ação, um movimento do sujeito na compreensão do texto. Falar em leitura é falar de um tema múltiplo, tendo em vista que ela não se faz presente unicamente no cotidiano escolar, mas perpassa a sociedade, as organizações e instâncias educativas. O tema da leitura levanta ainda outras questões. Uma primeira questão poderia ser, sobre o significado da leitura, que já foi destacado que o educador Pernambuco, Paulo Freire, a leitura é um ato de transformação de si e da realidade, o que vem de encontro ao que defende a pesquisadora Lena Lois (2010); Segundo a autora, é preciso antes de tudo, perguntar-se sobre o que é leitura. Trata-se de uma pergunta conceitual. Que pretende questionar sobre o significado, sobre aquilo que se quer dizer quando se fala em leitura. Entendo o que ela é, teremos então a possibilidade de adentrarmos em suas particularidades. Compreendo que indagar sobre os significados da leitura deveria se constituir em um importante ponto de partida para nossas reflexões. Mas, pensando de acordo com Lois (op cit.), porque se tem tanto interesse pela leitura? Porque se perguntam quais os danos para uma nação de não-leitores? Será que os jovens e as crianças estão abandonando o ato de ler? A leitura como elemento central da prática pedagógica tem a finalidade de fazer com que a criança aprenda a pensar verdadeiramente para aprender a interpretar a realidade social em que vive. Ler diariamente para os alunos é uma atividade imprescindível para criar-se o hábito de leitura. A leitura só despertará interesse quando interagir com o leitor, quando fizer sentido e trouxer conceitos que se articule com as informações que já se tem e esta é uma das tarefas primordiais que o professor tem ao preparar suas aulas. É acima de tudo, uma estratégia metodológica com uma política dos educadores que queiram ir para além dos métodos pedagógicos motivacionais. Como estratégia metodológica a leitura pode ser desenvolvida como possiblidade para o desenvolvimento da linguagem. Ao lado de suas preocupações constantes com as questões do desenvolvimento, Vygotsky enfatiza a importância dos processos de aprendizagem. Nesse sentido, continuo defendendo o preponderante papel da leitura na formação do sujeito, e de modo especial na formação de professores. Ela participa dos mecanismos de aprendizagem. Contudo, é importante pensarmos como a leitura pode ser analisada a partir de outros olhares, no caso da história a partir do pensamento de Roger Chartier. DISCUSSÃO: A LEITURA PRÁTICA ENTRE PRÁTICA E APROPRIAÇÃO Considerado um dos mais importantes pesquisadores da atualidade, Roger Chartier, tem destaque importante os seus estudos sobre as práticas de leitura (1998; 2003). Sua atuação se dá, sobretudo, como professor, tendo lecionado nas mais importantes instituições de ensino da Europa, a titulo de exemplo podemos citar sua atuação no Lycée Louis-Le-Grand, em Paris, de 1969 a 1970, quando integrou à Université Paris I, como assistente de história moderna até 1975. A leitura, ou melhor, as práticas de leitura, sempre estiveram, presente em suas pesquisas e reflexões. Seu percurso de pesquisa tem inicio no campo da educação, em parceria como historiador francês, Dominique Julia. Seus estudos levaram a suas principais teses, que ao nosso interesse, são objetivamente duas. A primeira seria a noção de que a leitura e todos os gestos que a compreendem são variantes históricos, o que implica em dizer que a cada momento histórico temos práticas de leitura distintas, que acompanham as demandas sociais e culturais de cada momento. A leitura é uma ação humana, é cheia de gestos e porquês (?), que se definem em conformidade com aspectos mais diminutos do cotidiano. Essa ideia só confirma tudo aquilo que trago no inicio do texto, que a leitura é uma prática em que o sujeito, a partir de sua realidade, social, cultural, politica, etc., concedem sentidos ao mundo, interpreta-o a partir de filtros, ele vai ao livro, e busca nele respostas. Nesse sentido, a leitura desempenha um papel impar na formação. Deve se tornar algo convidativo e ao mesmo proporcionar o aprendizado do aluno, levando em conta as realidades em que este está inserido e mesmo, o nível escolar de cada um. Mesmo no ensino fundamental é possível trabalhar com a leitura. Annie Rouxel (2013) nos convida, a no ato de ensinar e despertar o gosto pela leitura criarmos a concepção de que a leitura nas séries iniciais, já pode caminhar no sentido de ler o texto e renunciar as imposições dele, ou seja, a autora propõe crie uma cultura de que o leitor é um criador, se apropria do texto e traça interpretações múltiplas dele. Convidar a ler é em grande medida despertar a curiosidade e a capacidade interpretativa da criança, trata-se de um movimento bilateral, que tanto parte do professor como do aluno. Por ser uma literatura mais simples, mais aberta para a criação de outras ideias, acredito que a literatura infantil possa ser de grande utilidade para a prática pedagógica. Ela, ao mesmo tempo em que ajuda no desenvolvimento da escrita e da leitura, também, auxilia no desenvolvimento do aluno em criar imagens, reinventar os personagens. A literatura infantil deve fazer parte do cotidiano escolar desde as series iniciais, tendo em vista que se trata de uma prática que só é possível a observação de resultados em médio prazo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O professor, enquanto formador de sentidos e estimulador da aprendizagem, deve inserir em sua formação, e posteriormente, em sua prática a leitura como componente formativo essencial. É preciso que encaremos a leitura não como uma decifração de códigos, mas como uma atividade criativa do individuo, através da leitura podemos descobrir um mundo que muitas vezes permanece escondido nas palavras, um mundo que apenas se revela através da intencionalidade do leitor. Na medida em que o professor passa a adotar em sua vida uma prática de leitura como as defendidas por Freire e Chartier, ele vai fazendo com que o mundo da criança vá sendo um mundo onde a leitura não é mais uma atividade escolar, mas se torna um momento em que a imaginação e a criação fluem, fazendo da sala de aula um ambiente atrativo, e convidativo à criação. REFERÊNCIAS: AZEVEDO, Rosa Oliveira; GHEDIN, Evandro; SILVA-FORSBERG, Maria Clara; GONZAGA, Amarildo Menezes. Formação inicial de professores da educação básica no Brasil trajetória e perspectivas. Revista Diálogo Educativo. Curitiba, v. 12, n. 37, set./dez. 2012, pp, 997-1026. BRITO, Danielle Santos de. A importância da leitura na formação social do Indivíduo. Revela, periódico de divulgação científica da FALS. Ano IV - nº VIII- jun. 2010. CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Tradução Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. São Paulo: UNESP e Imprensa Oficial SP, 1998. _______________. Leituras e leitores na França do Antigo Regime. Tradução Álvaro Lorencini. São Paulo: UNESP, 2003. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura para crianças e jovens. São Paulo: Paulinas, 2010 (Coleção Literatura & ensino). LOIS, Lena. Teoria e prática da formação do leitor: leitura e literatura na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2010. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: Um processo sócio-histórico. São Paulo, Scipione, 1997. ROUXEL, Annie. Aspectos metodológicos do ensino da literatura. In; DALVI, Maria Amélia [et al.] (Orgs.). Leitura de literatura na escola. São Paulo, SP: Parábola, 2013.

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