Desde o advento da cultura letrada a oralidade e a escrita são postas em conflito nos espaços formais de aquisição e registro da língua. Erroneamente, pois a fala precede a aprendizagem da escrita e posteriormente exerce parceria com a escrita no desenvolvimento da linguagem humana. Embora nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) haja a recomendação sobre o ensino da linguagem oral, considerando-o uma abordagem além da fala cotidiana, na alfabetização a fala e a escrita ainda são consideradas como se fossem processos distintos e sem possibilidade de conexão. Essa distinção tem representado um marco para problemas significativos na formação educacional da língua materna, que repercute no desenvolvimento não só da escrita como da leitura. Nesta perspectiva, nosso trabalho propõe a reflexão sobre a importância do trabalho com a oralidade nas séries iniciais. Enfocando a percepção de que o ensino de língua materna objetiva o preparo do aluno para a interação sócio cultural através da linguagem, portanto devem ser considerados todos os meios de comunicação, sobretudo a fala. Discutiremos as práticas de ensino da leitura e da escrita nas séries iniciais através da técnica de contação de histórias. Pensaremos, neste contexto, o papel do professor, como promissor do encontro oralidade e escrita e aguçador do interesse dos alunos pela escrita e leitura. As discussões e reflexões pautam-se nas contribuições de BAKTHIN (1981) e (1992), e dos estudos de BAGNO (2002), GERALDI (1997), MARCUSCHI (2001) entre outros.