O USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NAS AULAS DE CIÊNCIAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Raquel Sales Miranda [1]/ raquelsales@alu.ufc.br /Universidade Federal do Ceará Maria Danielle Araújo Mota [2]/ Universidade Federal de Alagoas Raquel Crosara Maia Leite [3]/ Universidade Federal do Ceará Eixo Temático 1:Processos de ensino e aprendizagem Resumo Segundo Pozo e Crespo (2009), muitos estudantes não aprendem a ciência que lhes é ensinada, isso se deve a vários motivos, dentre eles o fato de que algumas orientações das aulas práticas são semelhantes a receitas de bolo. Portanto, nestas aulas, constata-se apenas o previsível (KRASILCHIK, 2004, POZO; CRESPO, 2009). Nesse contexto, para Güllich e Silva (2013), as experiências são orientadas pela cópia, reforçando a visão de ciência neutra, verdadeira e empírico-positivista. De fato, o trabalho experimental conduzido em muitas escolas é de concepção positivista e muitas vezes meramente reprodutiva e alia-se a isso o problema de que a maioria das escolas de Anos Iniciais do Ensino Fundamental (AIEF) não possuírem Laboratórios de Ciências. Além disso, nos AIEF, a aula de ciências é ministrada pelo professor pedagogo, que em geral só possui uma ou duas disciplinas de Ensino de Ciências em seu currículo de Formação Inicial, o que faz com que o mesmo ensine Ciências, baseado principalmente em seus saberes experienciais (PEREIRA; GONÇALVES, 2013, ROCHA, 2013). Dito isso, é preciso ressignificar a forma de ensinar ciências nos AIEF, visando a aprendizagem dos conteúdos indicados por Pozo e Crespo (2009), como conceituais, atitudinais e especialmente, os procedimentais, que podem ser desenvolvidas por meio de atividades práticas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é apresentar o relato de experiência relacionado ao uso de atividades práticas nas aulas de Ciências de quinto ano do ensino fundamental. As atividades práticas foram desenvolvidas durante a observação participante realizada na disciplina de 'Antropologia, Etnografia e Educação', ministrada no Programa de Pós-Graduação em Educação de uma Universidade Pública Federal do Nordeste, durante o segundo semestre de 2017.Vale destacar que o desenvolvimento das atividades práticas foi uma demanda que surgiu das professoras pedagogas que tinham dificuldades para tratar de alguns temas científicos nos quintos anos. Foram realizadas regências de 100 minutos cada, em duas turmas de quinto ano. A atividade prática, tratou da realização de vários experimentos sobre o tema: luz (Experimento 1: 'Invisibilidade da garrafa', Experimento 2: 'Lápis que quebra na água', Experimento 3: 'Propagação da luz em diferentes meios', Experimento 4: 'Fabricação de arco-íris', Experimento 5: Identificação de objetos Transparentes, Translúcidos e Opacos.). Os estudantes também responderam a um roteiro de acompanhamento dos experimentos, nos quais eles levantavam hipóteses para tentar explicar o que havia acontecido nos experimentos. Com base nas respostas do roteiro distribuído aos estudantes, foi possível perceber que eles realmente fizeram o exercício de elaborar hipóteses, e em alguns casos chegaram bem próximo da explicação científica de cada experimento. Além disso, as aulas práticas também foram importantes porque despertaram uma conduta científica nos estudantes, pois eles puderam elaborar hipóteses, propor modificações nos experimentos para testar suas hipóteses e exercitar a curiosidade, que é tão intrínseca à atividade dos cientistas e pesquisadores. Vale ressaltar que assim como afirmam Pozo e Crespo (2009), a solução de problemas também pode ser exercitada nas aulas práticas. Além disso, segundo Cachapuz et al. (2011), a Educação Científica se faz importante para a formação de cidadãos conscientes e capazes de participar de tomada de decisões. Por isso, essa educação deve ser iniciada ainda nos AIEF e como orientam Malacarne e Strieder (2009), essa iniciação científica deve ser prazerosa e ativa. Palavras-chave: Procedimentos científicos, exxperimentos, ensino de ciências Referências CACHAPUZ, Antonio; GIL-PEREZ, Daniel; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de; PRAIA, João; VILCHES, Amparo. (Orgs.) A necessária renovação do ensino das ciências. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 264p. GÜLLICH, Roque Ismael da Costa; SILVA, Lenice Heloísa de Arruda. O enredo da experimentação no livro didático: construção de conhecimentos ou reprodução de teorias e verdades científicas? Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, vol. 15, n. 2, p. 155-167, 2013. KRASILCHIK, Myriam. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo, Editora da Universidade, 2004. MALACARNE, Vilmar; STRIEDER, Dulce Maria. O desvelar da ciência nos anos iniciais do ensino fundamental: um olhar pelo viés da experimentação. Vivências, Alto Uruguai, v.5, n.7: p.75-85, maio, 2009. Disponível em: .Acesso em: 12 jan. 2018. PEREIRA, Elisa de Nazaré Gomes; GONÇALVES, Terezinha Valim Oliver. Saberes de Professores que Ensinam Ciências nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: reflexões em teses e dissertações no Brasil, período de 2005 a 2013. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 10., 2015, Águas de Lindóia, Anais... Águas de Lindóia: ABRAPEC,2015. Disponível em: . Acesso em: 23 jan. 2017. POZO, Juan Ignácio; CRESPO, Miguel Ángel Gómez. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, 296 p. ROCHA, Maína Bertagna. A formação dos saberes sobre Ciências e seu ensino: trajetórias de professores dos anos iniciais do ensino fundamental. 2013. 250 f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013. Disponível em: . Acesso em:22 abr. 2017.