Este trabalho investiga como são apresentadas, nos compêndios gramaticais, abordagens sobre modalização em língua portuguesa, buscando compreender como esse aspecto é esclarecido e, se ainda, estabelecem diálogos entre posicionamentos tradicionais x funcionais referentes a descrição e à analise linguística. Para condução deste pesquisa, nos baseamos na crença de que modalização em Língua portuguesa é tida como uma categoria semântico-pragmática relacionada à forma de envolvimento do enunciador com o que é dito, ou com os estados de coisas descritos (NARROG, 2011; PALMER, 1986, 2001) e, também, do ponto de vista funcional, como a “gramaticalização de atitudes e opiniões dos falantes” (OLIVEIRA, 2003, p. 245). Nestes termos, este trabalho investiga explanações conteudísticas acerca da produção de modalidade na fala e na escrita, presentes em documentos procedurais de língua portuguesa. A partir de um estudo exploratório-descritivo, com base em dez gramaticas pedagógicas, verificamos se as funções discursivo-funcionais que as modalidades exercem em diversos contextos de produção são exploradas e em que medida essas funções se relacionam com o caráter argumentativo de alguns gêneros textuais específicos. Constatamos que o tratamento da modalização no corpus ainda não representa um consenso por parte dos autores. Muitos nem a mencionam como uma representação ou fenômeno gramatical nas materializações da língua. Mesmo assim, algumas gramáticas (tratamos “gramatica”, num sentido lato, para designar produtos em que encontram-se publicados descrições dos fenômenos da língua, seja de maneira descritiva, prescritiva, de uso e, normativa) com conteúdos que contemplam questões mais próximas das realidades factuais da língua abordam essa questão.