O ensino de língua em sua acepção tradicional vem, há muito, sendo alvo de reflexões e produções. Análises a respeito das práticas/posturas do professor em sala de aula, considerações sobre os livros didáticos em circulação na esfera escolar, bem como debates relativos ao currículo têm constituído o anseio de fazer com que a aprendizagem da língua ocorra de maneira mais funcional, mais dialógica. Evidenciam-se, nesse cenário, as diversas investigações realizadas em relação ao livro didático e o ensino de língua, visto que esse elemento – o livro didático – circula no âmbito escolar como instrumento mediador, e detentor do saber, do processo de ensino aprendizagem do aluno. Frente a esse panorama, nos debruçamos sobre dois exemplares distintos de livros didáticos, utilizados tanto na rede pública quanto na rede privada no estado da Paraíba, com vista a verificar se o ensino de gramática está sendo proposto estabelecendo-se uma relação entre o procedimento metodológico e a perspectiva dialógica da linguagem ou se os materiais isolam os aspectos semânticos e estilísticos da língua, fazendo com que a gramática se degenere em escolasticismo. Metodologicamente, fizemos o recorte de um conteúdo gramatical, a saber, os períodos compostos por subordinação, para constituir o corpus de nossa observação, que teve como norte teórico os estudos do Círculo de Bakhtin (2013, 2016, 2017). Acerca dos resultados da análise, verificamos a necessidade de mudança no que tange ao ensino de gramática, pois a abordagem do ensino de língua ainda está arraigada à terminologias e conceitos, distanciando-se da reflexão e autonomia, como também de uma concepção de língua, a partir de usos situados, enquanto dialógica e funcional.