Para o filósofo Michel Foucault, onde há poder, há resistência e, a partir dela, a História avança. Com base nos postulados da Análise do Discurso foucaultiana, este trabalho busca analisar discursivamente as relações de saber-poder anti-meritocráticas e antirracistas materializadas em uma performance audiovisual veiculada pela Rede Globo, no Criança Esperança 2017. A partir disso, escavamos as condições de emergência desse enunciado e expomos hibridismos e memórias discursivas inscritas nessa produção audiovisual. Também recorremos ao aporte teórico de Muniz Sodré para discorrermos acerca da função tanto dos sujeitos construídos na materialidade sincrética em questão quanto da grande mídia no agenciamento de discursos sobre meritocracia e racismo. Após essa análise descritivo-interpretativa, amparamo-nos nas pesquisas de Roxane Rojo e Lúcia Santaella para associarmos as conclusões obtidas às práticas de multiletramentos destinadas aos anos finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, a fim de evidenciar a relação estreita entre Análise do Discurso e ensino. Entendemos que, diante da multiplicidade de gêneros discursivos propiciada pelo avanço das novas tecnologias de comunicação, o desenvolvimento de competências e habilidades descritas nos Parâmetros Curriculares Nacionais está atrelado tanto à compreensão estrutural e funcional de materialidades sincréticas quanto à interpretação dos sentidos histórico-discursivos que constituem a linguagem. E essa junção aproxima o pensamento crítico e a resistência das práticas cotidianas dos alunos na contemporaneidade.