O ordenamento jurídico brasileiro prevê a separação dos presos por sexo. Assim, o estado oferece presídios masculinos e femininos. Neste contexto, aquelas pessoas que pertencem a algum grupo LGBT, se veem obrigadas a se enquadrar nesta dicotomia que parte de um conceito de sexo biológico e desconsidera as especificidades de determinados indivíduos, como os transexuais que apresentam identidade de gênero diferente da sua condição biológica. A realidade destes indivíduos, ao se encontrarem no cárcere, dividindo espaço com pessoas que possuem identidades de gênero diversas das deles, é representada no filme “Carandiru”, de 2003, baseado no livro do médico Drauzio Varella, escrito a partir da sua experiência dentro daquele presídio. Desta maneira, baseado nos Estudos de gênero, na Teoria dos Direitos Humanos e nos estudos do Direito e arte, nesta pesquisa, nos propomos a analisar a condição dos transexuais nos presídios brasileiros, a partir da análise do filme “Carandiru”. Na obra, a representação da condição do transexual nos presídios brasileiros se dá a partir da personagem “Lady di”, interpretada pelo ator Rodrigo Santoro. Em “Carandiru, podemos destacar que apesar de sua condição de vulnerabilidade ao possuir identidade de gênero diversa da maioria dos presos, por se identificar, se vestir, decorar sua cela como mulher, “Lady di” consegue viver com o mínimo de dignidade, se casar com o detento “Sem chance” e inclusive sobreviver a violência policial, que culminou com a chacina de muitos presos que se encontravam naquele presídio, porque os policiais não tiveram coragem de matar uma mulher .