A Literatura de cordel foi por muito tempo considerada uma expressão popular folclórica, endêmica e reprodutora da secularidade de uma região marcada pelo patriarcalismo e meios de cultura arcaicos. Todavia, desde as últimas décadas do século passado diversos estudos lançam luzes diferentes acerca desta manifestação artística, colocando-a como uma Literatura de fina escrita e representante da diversidade cultural existente no Brasil, notadamente na região Nordeste. Pensando nisto, objetivamos com este artigo verificar como se dá a representação do corno no cordel, observando se o discurso cordelístico corrobora ou não a visão estereotipada que se tem da masculinidade na região Nordeste. Para tanto, lançamos mão de dez cordéis que narram as aventuras ou desventuras de homens traídos. As análises foram feitas de forma qualitativa, apoiadas em autores que discutem as variadas formas de exercício da masculinidade e sua articulação social e cultural.