O presente artigo trata-se de uma análise sobre a influência de aspectos culturais para uma maior vulnerabilidade dos adolescentes ao abuso sexual, na medida que reforçam o paradigma social adultocêntrico e patriarcal vigente que preconiza a supremacia masculina e autoriza o poder do adulto sobre a população infanto-juvenil. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura com publicações nacionais sobre esta temática, foram selecionados 15 artigos extraídos das bases de dados Scielo e Pepsic. A concepção negativa e naturalizante da adolescência induz a adoção por parte dos adultos de uma postura autoritária e dominadora, ao olhar o jovem com desconfiança e tratá-lo como sua propriedade. Outro aspecto considerado é o processo de socialização da adolescência imbuído de normas de gênero, que autoriza relações de poder e opressão entre o homem e a mulher consolidando valores arcaicos que legitimam desigualdades entre os sexos. Dessa forma, considerando a configuração social sexista e adultocêntrica percebe-se a necessidade de incluir nas estratégias voltadas para o combate desta problemática, uma leitura crítica e transformação de valores culturais e ideológicos arcaicos que estruturam relações sociais assimétricas de poder, as quais convertem-se em legitimadores da violência contra a população infanto-juvenil e a mulher.