O trabalho proposto tem como objetivo analisar a dinâmica amorosa na obra A princesa e a Costureira, de Janaína Leslão (2015). Construída numa linguagem congruente ao universo da criança, a narrativa expõe as “novas” possibilidades de laços afetivos. O conflito centra-se sobre o encontro homoerótico entre a princesa Cíntia e a costureira Isthar. A priori, o amor de ambas torna-se impossibilitado, uma vez que à primeira é imposta um casamento com o príncipe Febo, por indicação real. No entanto, após uma longa jornada, rumo à aceitação de suas famílias, elas conseguem dá concretude à paixão que as conecta, vivenciando o amor em sua plenitude. Diante disso, observamos que a diegese, em foco, questiona os preconceitos perpetuados, há muito, sobretudo na sociedade Ocidental, que definem como aceitável, apenas as relações heteronormativas. Portanto, numa conexão entre a Literatura infantil e as teorias de ordem sócio-histórica, refletiremos sobre a presença do amor entre iguais, num cenário, onde predominam, em geral, um desenho tradicional do corpo familiar e de suas idiossincrasias. Discutiremos, ainda, as ideologias que corroboram o estigma e a cristalização de um modelo deficiente e arbitrário que anula formas outras de se vincular ao outro.