As discussões acerca das relações de gêneros e sexualidades têm, cada vez mais, alcançado espaço em nossa sociedade, tendo em vista as constantes modificações sócio, político e culturais, que proporcionam um vasto debate nas mais diversas áreas do conhecimento. Nesse sentido, a literatura torna-se um locus profícuo para a apresentação/presentificação de tais discussões. Diante desse quadro, o presente artigo tem por escopo apresentar uma análise comparada entre os poemas “Verbo Ser”, de Carlos Drummond de Andrade (1973) e “Um brinde”, de Virgínia Guitzel (2016), levando em consideração a relevância de evidenciar as possibilidades de ser e estar sujeito social, destacando nas tessituras textuais a inexatidão como elo nestas produções literárias. Os caminhos metodológicos trilhados para a realização desse artigo estão centralizados em um estudo de cunho bibliográfico e de caráter descritivo, uma vez que colocamos em foco as relações de constituição do sujeito, além de traçar um perfil histórico sobre os poemas analisados. Para tanto, teoricamente ancoramo-nos nas contribuições de Bourdieu (1998), Butler (2017), Foucault (2005), Lucinda (2017), Miskolci (2016), Preciado (2011), Silva (2014), dentre outras autoras e autores. Nesse sentido, a pesquisa empreendida nos permitiu perceber que, nos poemas em tela, ainda que haja uma distância temporal entre a publicação de ambos, apresenta-se em uma mesma premissa de problematizar e provocar reflexão (e apartar-se?) das amarras sociais que durante muito tempo tem proposto um engessar dos sujeitos em categorias estanques.