O presente estudo tem como objetivo apresentar uma discussão acerca da visão universalizante de parte da comunidade psicanalítica de orientação lacaniana sobre a equivalência entre a transexualidade e a psicose, cujo interesse de investigação parte da constatação de que a referida temática ainda é muitas vezes tratada de forma preconceituosa e desatualizada no meio acadêmico e institucional das áreas psi. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico, através da qual foram pinçadas algumas obras que reiteram essa tese, cuja análise foi contraposta às proposições de textos que reconsideram essa afirmação lacaniana, à luz da subjetividade atual, bem como de entrevistas veiculadas em mídias de circulação social, que retratam as próprias falas de sujeitos que apresentam questões transidentitárias. Dessa forma, foram encontrados como resultados novas proposições de psicanalistas sobre a temática, o que nos leva a concluir que é preciso avaliar singularmente, no plano clínico psicanalítico, essa tese lacaniana, despatologizando as questões transidentitárias, avançando no fazer analítico e na produção do conhecimento neste campo do saber, o que contribui para o campo teórico das questões de gênero e sexualidade em interlocução com a psicanálise, no sentido de desmistificar a visão patologizante do psicanalista sobre a transexualidade.