O objetivo desse trabalho é investigar a representação da sensibilidade masculina no conto “Maria”, de Conceição Evaristo, a partir dos estudos de HALL (2006), BONÁCIO (2012) e BUTLER (2003). Podemos perceber que existe uma crise na identidade masculina pós-moderna, na qual o sujeito descentrado vê-se cercado de diversos referenciais e não se apropria definitivamente de nenhum, deixando-o à deriva. A necessidade de ocultar a sensibilidade dos homens dá origem a uma grande sorte de infortúnios sociais que envolvem violência e relações de poder entre homens e mulheres, na tentativa de diferenciação entre os sexos. No conto em estudo há um olhar, da personagem principal Maria, sobre a sensibilidade do seu ex-companheiro e pai de seu primeiro filho acerca de valores e ideais geralmente atribuídos ao feminino, como família e afeto. A análise do conto se baseará em conceitos de Butler (2003), principalmente na discussão de identidades de gênero. Butler afirma que os discursos sobre gênero acorrem quase sempre a partir da distinção entre “natural e artificial, profundidade e superfície, interno e externo” e que estão relacionados aos vários papéis e funções sociais. Nessa condição dialógica, tendo em mente que os ideais masculinos geralmente estão menos associados à sensibilidade e ao afeto e mais à liberdade, aventura, prazer e realização de desejos, pretendemos analisar as afinidades entre o olhar da personagem Maria e a identidade de gênero da personagem masculina em questão.