A relação de poder entre homens e mulheres dentro do casamento se estende a representação do feminino em outros espaços de sociabilidades. A percepção sobre as mulheres como inferiores aos homens foi historicamente construída pelo domínio masculino que se mantem e legitima como absoluto. Desta forma, interessamo-nos por problematizar as expressões sobre o feminino em letras de MPB, por sabermos que são discursos com influências de valores morais sexistas. Este trabalho tem por objetivo analisar como esta relação de poder é apresentada na letra da música Mulheres de Atenas, composta por Buarque e Boal (1976), fundamentada pelos conceitos de gênero, corpo, alteridade, e pedagogização do corpo, respectivamente refletidos por Louro (2016), Foucault (2015; 2017), Laraia (1986) e Araújo (2011), A metodologia utilizada é a fenomenologia, pois nos possibilita a interpretação da ideia difundida pela letra desta música sobre o corpo feminino e como ele é educado para o casamento, percebendo na canção, situações abordadas que remetem a pedagogização do feminino para a reprodução. A pesquisa se apresenta, inicialmente, com uma produção guiada por teóricos alinhados às temáticas de gênero, sendo desenvolvida logo em seguida a proposta de análise crítica da canção, especialmente acerca da figura passiva das mulheres ilustradas na música. Os resultados e conclusões obtidos apontam as imagens identitárias sobre o corpo feminino apresentadas na canção que subscreve tecnologias de poder de normatização de um corpo feito para a reprodução e gestação de prazer para os homens, delineando assim, uma relação de poder com a marca do domínio masculino