Este trabalho tem como objetivo refletir acerca do tabu existente nas discussões de identidade de gênero, sexualidade e orientação sexual no contexto educacional e escolar. Além disso, busca abarcar a posição da escola frente a representação do presente tema para a família e as possibilidades de atuação da Psicologia nesse cenário. Dentre as instituições discursivas que constituem os corpos, encontram-se a família e a escola. Nesse sentido, o presente trabalho versa sobre a possibilidade de conexão entre essas instâncias com vistas a promover, sem excluir, a discussão e o conhecimento sobre o tema da identidade de gênero. Para isso, partimos da experiência de um dos autores em uma unidade de educação infantil onde uma atividade que evocava a família revelou a ausência do seu discurso na cena escolar. A discussão acerca desse acontecimento evidenciou o receio em abordar o tema e a surpresa ao encontrar famílias dispostas a fomentar a discussão. Acreditamos, portanto, que a exclusão da família no contexto educacional e escolar reforça estereótipos e dificulta a comunicação sobre temas considerados socialmente controversos e complexos. Destarte, a escuta direcionada aos familiares torna-se uma ferramenta de conhecimento das principais demandas que perpassam essa instituição, bem como a compreensão acerca da representação constituída pela família sobre a problemática, possibilitando mudanças paradigmáticas na maneira de transmitir às crianças questões referentes a identidade de gênero, sexualidade e orientação sexual. Esperamos que o presente trabalho possibilite novas discussões sobre a importância de inserir a família nas discussões de gênero no contexto educacional e escolar.