O presente artigo busca refletir sobre a forma como a prostituta é identificada / tratada no discurso masculino das composições musicais entoadas em noites boêmias. Partilhando o mesmo universo físico, homens e mulheres da noite vivem relações geralmente conflituosas, expressas pela versão deles, através das canções compostas e interpretadas também por homens. O confronto de gênero que se percebe nesses textos, que alcançam considerável quantidade de receptores, pode ser uma preciosa pista para explicar o comportamento opressivo masculino em relação às meretrizes, duplamente discriminadas: sexualmente, por serem mulheres, e moralmente, por serem prostitutas. Refletiremos sobre algumas questões ligadas ao tema, como a história de vida das meretrizes, as relações de poder dos homens em relação a elas e a dubiedade moral que move os boêmios presentes nas letras das canções, que, de certa forma, refletem o que são, na realidade. Serão utilizados, como teóricos de apoio, Foucault, Beauvoir, Lejeune, entre outros.