O objetivo deste artigo é tecer uma reflexão sobre como é apresentado o cenário ficcionista do nordeste no enredo da obra regionalista do escritor potiguar José Bezerra Gomes, Os Brutos, relacionando a temática com outras contemporâneas desta obra, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e O Quinze, de Rachel de Queiroz. O Brasil viveu, na década de 1930, um momento em que os escritores, preocupados com o país em que viviam, utilizaram-se da narrativa como um instrumento de denúncia de uma realidade que, notadamente na região nordeste, condenava milhares de pessoas à miséria. Para o atendimento da proposta da análise preterida, discutem-se, à princípio, as proposições teóricas acerca da análise literária quando refletem-se as oscilações dos protagonistas dessas teorias (autor, obra, leitor). Em seguida, contextualiza-se o romance regionalista de 1930 para compreender as propostas de produções das obras em análises; analisa-se, brevemente, a estrutura da história de Os Brutos; e, por fim, busca-se perceber aspectos de similaridades e particularidades da região nordeste na forma como foi apresentada ao leitor em cada produção literária em análise neste estudo. Pensando no exposto, o procedimento metodológico adotado para a proposta deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, reportando-se ao método dialético, uma vez que as três obras (Os Brutos, O Quinze e Vidas Secas) a serem analisadas não podem ser consideradas fora de um contexto social e histórico. Dentro dessa perspectiva, discutiu-se como a representatividade ficcional do nordeste é apresentada nessas três obras literárias do regionalismo brasileiro, os desdobramentos do imaginário proposto sobre o sertão e seus elementos constituintes, bem como os aspectos sociais em harmonia com o aprofundamento psicológico dos personagens.