Este artigo é uma reconceituação da categoria trabalho pedagógico. Ele se materializa na produção,
socialização e apropriação de conhecimentos. Portanto, não se reduz a ensino. Pressupomos que pesquisa e
ensino são indissociáveis. Portanto, ensino de qualidade pressupõe pesquisa rigorosa. Apesar desta imbricação
entre pesquisa e ensino há uma inexplicável ausência de investigações sobre o trabalho pedagógico, realizado
por professores e estudantes. Esta lacuna, a nosso juízo, compromete a qualidade no ensino, porque se
desconhece o que a produz: o trabalho pedagógico. Ora, se não há formação teórica sólida, não há pesquisas
rigorosas, e é o que compromete o ensino de qualidade. Portanto, nos mais diversos Cursos de Formação de
Professores há uma crise na formação de professores. Por exemplo, competências adequadas dos professores
da educação básica para desenvolver pesquisas. Diante desta problemática desenvolvemos uma didática de
estudo, uma sequência pedagógica, composta de quatro momentos: diálogo crítico; mapas das unidades
significativas e epistemológicas; diário etnográfico e interpretação compreensiva. O objetivo desse método de
estudo é promover a interpretação compreensiva de livros didáticos e trabalhos acadêmicos. Ele incorpora a
epistemologia freireana como princípio e as filosofias antigas como orientação. Nestas filosofias a formação
era concebida como askesis ou técnicas de si, e na atualidade foi reconceituada como “exercícios espirituais”,
por Pierre Hadot. Fundados nestas filosofias a leitura imanente desenvolve habitus: disposições psicológicas
e capacidades pedagógicas. Ela aprimora a compreensão e interpretação pelo “trabalho de si, em si, por si e
para si”. Trabalho que envolve os quatro momentos e que nomeamos trabalho pedagógico. O objetivo é discutir
as características desta categoria no âmbito do método de leitura imanente.