Ensinar língua portuguesa é um desafio e não há uma fórmula mágica que garanta o aprendizado satisfatório. Esse desafio torna-se mais árduo diante da carência de investimentos estruturais do sistema educacional brasileiro e da falta de motivação dos alunos diante da disciplina. Diante disso, mesmo que busquemos novas metodologias, o livro didático ainda é um dos recursos mais utilizados, portanto, é relevante pensarmos quais livros adotar, conforme as necessidades dos professores e dos discentes. Nessa pesquisa, buscamos responder às seguintes indagações: quais as concepções teóricas permeiam os livros didáticos e como esses aportes influem na prática docente? Considerando que as escolhas dos recursos didáticos refletem ideais teóricos, o presente artigo vem apresentar discussões acerca dos livros didáticos adotados nas escolas voltados ao ensino de língua portuguesa, tendo como base uma abordagem discursiva da língua. Para tanto, partimos de uma reflexão acerca das concepções de língua e linguagem, na qual lançamos mão também da análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Após um breve passeio pela fundamentação teórica, apresentamos, para uma melhor visualização da problemática traçada, uma análise de um livro didático, publicado no ano de 2000, com foco nas concepções de linguagem e de ensino de língua portuguesa, tendo em vista as atividades e os conteúdos abordados. Nessa esteira, intuímos contribuir para reflexões acerca das aulas de português, bem como visamos instigar uma práxis pedagógica que seja significativa aos educandos e aos professores. Diante dessa pesquisa, afirmamos que as aulas de português, tomadas como prática educativa e veículo de desenvolvimento da cidadania, são frutos de reflexões e adaptações constantes. Trata-se de pensar a língua como prática social imbuída de poder.