Este trabalho tem como foco principal pensar a relação existente entre as emoções e as religiões de matrizes africanas, particularmente, a percepção das emoções através dos arquétipos de suas divindades, que no âmbito do Candomblé, particularmente as “nações” vinculadas a tradição iorubá, são denominadas orixás. A perspectiva de correlação entre as emoções e os orixás está fundamentada em uma interação entre o divino e humano nas religiões afro-brasileiras. Os itãns (conjunto de mitos e histórias passadas de geração a geração pelos povos africanos) são lugares privilegiados para compreendermos como o universo das emoções aparecem nas religiões de matrizes africanas. Além disso, os adeptos do candomblé trazem uma relação muito forte com as suas divindades individuais, ou seja, com os orixás que “regem a cabeça” como se afirma no cotidiano da religião, trazendo uma identidade baseada na personalidade de seu orixá, fazendo uma dinâmica entre divindades, emoções, arquétipos e os adeptos. Partindo do pressuposto que os terreiros são espaços de ensino-aprendizagem e que toda a vivência emocional dos filhos e filhas de santo é pautada, de alguma forma, pelo arquétipo dos orixás, entendemos que a leitura da mitologia dos orixás e, consequentemente, do cotidiano das religiões afro-brasileiras a partir da perspectiva da Educação Emocional, pode auxiliar tanto na compreensão da relação dos adeptos com seus orixás e com a comunidade religiosa a qual pertencem quanto pode ser uma via de potencialização e regulação das emoções. Ousamos aqui a pensar que as emoções que aparecem na mitologia dos orixás podem ter uma dimensão pedagógica para os adeptos, funcionando como instrumento de empoderamento, uma vez que as religiões afro-brasileiras ainda possuem, majoritariamente, adeptos pertencentes as camadas menos abastadas de nossa sociedade. Diante do exposto, abordaremos neste trabalho as dimensões comportamentais e cognitivas, buscando explorar a emoção da alegria, emoção essa predominante do orixá Ìgbéjì.