O presente trabalho realiza um estudo das literaturas contemporâneas de escritoras selecionadas de ascendência africana no Brasil e nos Estados Unidos. As autoras são lidas a partir de um prisma cultural, político e social cuja abrangência permite investigar o efeito das literaturas de afrodescendentes em contextos descolonizados das Américas, nos quais as desigualdades de classe, gênero e raça ainda persistem, apesar de eclodirem em ambientes formalmente democráticos. Por meio do entrecruzamento da criação literária de mulheres negras, proposto por este trabalho, as questões étnico-raciais e identitárias relativas às trajetórias de sujeitos da diáspora africana são examinadas em paralelo com revisões de tópicos da crítica literária, especialmente com a releitura da contribuição intelectual de Carol Boyce Davies, Frantz Fanon, Henry Louis Gates e Homi Bhabha, entre outros. Ao investigar comparativamente as literaturas contemporâneas de autoras afro-brasileiras e afro-americanas, a pesquisa também realça o viço de imagens, mitos e tradições da Diáspora Africana, representados em formas narrativas. Por intermédio de suas produções literárias, as escritoras de origem africana enfrentam os limites impostos à sua subjetividade e lançam mão da literatura como armamento de luta cultural. Com o domínio da arte da palavra, as autoras vocalizam suas experiências como agentes de afirmação e contestação que desafiam as várias formas de violência epistêmica, física e psíquica às quais as mulheres afro-americanas e afro-brasileiras são historicamente submetidas. As implicações sociais e históricas das produções literárias de escritoras afrodescendentes contribuem para ampliar as possibilidades de impacto cultural das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 na formação educacional brasileira.