A emoção é uma reação natural e imediata, desencadeada a partir de determinada circunstância ou estímulo. As emoções podem ser caracterizadas como primárias (básicas ou universais), secundárias (derivadas ou sociais) e autoconscientes (autoavaliativas). A saber, as primárias são: nojo, tristeza, alegria, raiva, medo e surpresa; secundárias: ansiedade, ciúme, inveja, entre outras; e as autoconscientes: culpa, vergonha, orgulho e hubris. Neste artigo escolhemos trabalhar especificamente com uma das emoções primárias – inata e presente em todas as culturas e nos seres vivos – o medo. A discussão e reflexão acerca do medo propostas aqui têm como fio condutor a teoria da liquidez do mundo postulada por Bauman (2007; 2008). Assim, temos como objetivo fomentar discussões sobre a forma com que a educação emocional pode vir a contribuir com a compreensão do medo em uma sociedade líquida, marcada pelas relações instáveis e não duráveis. A metodologia utilizada para a análise em questão foi à investigação bibliográfica, tendo como principais temáticas: a emoção, o medo, a educação emocional e o mundo líquido moderno. Os referenciais teóricos que colaboram para esta construção foram: Bauman (2007; 2008), Darwin (2009), Gonsalves (2015) e Possebon (2017). Alguns dos resultados apontam que o medo, como qualquer outra emoção primária, não pode ser caracterizado como positivo ou negativo, pois isso depende do indivíduo estar regulado ou não. A função adaptativa do medo é a de proteger de uma ameaça real, por isso, é importante senti-lo. No entanto, o sistema capitalista vem a cada dia produzindo e estimulando novos medos – que nem sempre são reais – em prol de um “capital do medo” que gere lucro comercial ou político. Portanto, a educação emocional se faz relevante neste cenário ao possibilitar que o indivíduo adquira certas competências fundamentais para estabelecer relações inter e intrapessoais sadias e harmoniosas, além de fornecer mecanismos para que possamos enfrentar o mundo ao nosso redor.