Apresentar alguns dos problemas enfrentados pela Escola Primária do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, durante o período de 1932 a 1935 é o principal objetivo deste trabalho. Para tanto, faremos uso do Livro de Registros de Correspondência da instituição. Trata-se de um grande livro manuscrito no qual era transcrita a correspondência trocada entre a Escola Primária e os diversos setores do Instituto de Educação entre os anos 1931 e 1946. Buscaremos analisá-lo sob a perspectiva da cultura material escolar segundo a qual os objetos presente no cotidiano escolar não são neutros, seu desenho e uso apresentam significados que são capazes de dizer mais que seus próprios usuários (HERNÁNDEZ, 2002). Considerando a complexidade dos objetos presentes no cotidiano escolar, se fez necessário elaborar uma descrição a fim de entender o que o livro de correspondência diz e as intenções que envolvem a sua utilização, conforme Hernández (2002). Além disso, na análise do livro e dos registros lá realizados, trabalhamos segundo a perspectiva de Ginzburg lançando um olhar de estranhamento sobre essa fonte e de documento/monumento, trazida por Le Goff (2003), segundo a qual o documento é produto da sociedade e das relações de poder em que estavam envolvidas. A análise dos registros de correspondência é capaz de evidenciar o cotidiano e as práticas da instituição, por meio da qual identificamos obstáculos na implantação de uma educação nova, como a falta de professores e estagiários, espaços, mobiliário e até material. Este trabalho, portanto, possibilita uma melhor compreensão do cenário educacional em que a instituição estava inserida, tendo em vista seu papel central no contexto educacional no período em que Lourenço Filho esteve à frente da Direção Geral da Instituição.