RESUMO
Ao pesquisar a Lei. 10.639/2003/PR que obriga o ensino da história do negro, na África e no Brasil no ensino fundamental e médio, encontrou-se nessa frase, no gancho “... na África e no Brasil”, a chance de lutar pela inclusão de conteúdos nas grades curriculares, sobre o candomblé banto. Oriundo da África Centro-Ocidental, o povo banto foi aqui introduzido, em grande parte, no Rio de Janeiro, com destaque para a Baixada Fluminense, do início ao fim da colonização, ( séculos XVI a XIX). Sendo a África um continente e o Brasil de um país, obviamente esse povo cujo habitat era a região subsaariana logo abaixo da linha do equador está contemplado pela referida Lei. O objetivo central é munir os professores de informações sobre esse povo, em relação aos valores identitários presentes no cotidiano dessa região demograficamente banta mas, ainda ausentes em sala de aula. O objeto estudado foi o terreiro e a sala de aula. Sabe-se que o Brasil caracteriza-se pelo alto índice de afros descendentes na formação de sua população, em sua maioria banta. Percebe-se, também, que um dos melhores modos de conhecer-se uma sociedade é através de sua religião. Justifica-se então, a necessidade da aplicação do candomblé banto nas grades curriculares, como fio condutor para o conhecimento sobre esse povo. Trata-se da História e Cultura de uma etnia, cujas tradições e referências culturais foram fundamentais na construção da identidade brasileira. Utilizou-se a metodologia de entrevistas com professores, alunos, pais, comunidades, e dirigentes de terreiros bantos, inclusive visitas de participação no dia a dia dos mesmos. Os depoimentos e observações comprovaram a resistência e prática constante dessa cultura na Baixada Fluminense, através do Candomblé Banto. Realizou-se, também, uma revisão literária, bem como pesquisas eletrônicas em sites e redes sociais. Conseguiu-se desta forma, o embasamento necessário para dar credibilidade a este trabalho. O resultado alcançado foi a elaboração de um conteúdo sobre o assunto dividido em aulas práticas e teóricas atrativas e interessantes, aqui apresentadas na discussão. Desta forma, em um futuro próximo, não será surpresa ver este tema discutido, fluentemente, pelos pátios e corredores das escolas, nas igrejas e sinagogas, e demais locais, de forma respeitosa. Além disso, desmistificará a rotulação de seita demoníaca, afastando a discriminação e o preconceito com o uso da informação.