O Brasil é um país com um território amplo, mesmo assim ainda tem uma língua única. Além da contribuição para a diversidade cultural, religiosa, política e artística, as influências de outros povos foram deixadas em nossa língua também. Essas marcas deixadas acabaram acentuando a riqueza de vocabulários e de pronúncia, fazendo com que surgissem expressões peculiares que são empregadas em determinadas regiões do Brasil. Tais expressões foram trazidas por outras nacionalidades e inseridas em nosso idioma. Essas variações linguísticas surgiram através do convívio entre indígenas e imigrantes como franceses, italianos, africanos, portugueses e outras etnias. Mesmo com tantas influências, cada região tem suas características próprias preservadas pelo ambiente e localização geográfica, que formaram e conservaram uma cultura que deu vida a uma forma linguística própria. Sabemos que a região Nordeste tem características próprias e inconfundíveis, como na região Sul, assim como em outras regiões do Brasil. O objetivo dessa pesquisa está na finalidade de comparar a fala dos moradores da região sul do Maranhão com os migrantes da região Sul do Brasil, mais precisamente os residentes na zona rural da cidade de Balsas. Essa comparação é feita partindo-se do estudo das variações linguísticas observadas no campo semântico-lexical. O método utilizado inicialmente foi a revisão de algumas obras na área da sociolinguística, logo após foi levantado um corpus da fala desses grupos e feita a descrição dessas variações linguísticas, com base em questionários semântico-lexicais do Atlas Linguístico do Brasil – ALIB, e analisadas as variações e possíveis mudanças linguísticas ocorridas no tempo e no espaço geográfico. Conclui-se que a análise do corpus possibilitou realizar o levantamento da diversidade linguística dos falantes da região sul do Maranhão e verificar similaridades e diferenças. Identificou-se que houve uma maior variação no léxico dentre os campos pesquisados, nos campos fenômenos atmosféricos, corpo humano e convívio e comportamento social. No nível semântico-lexical, recorte que fizemos para analisar os nomes empregados e os sentidos atribuídos ao objeto com base em consultas a dicionários, percebemos já algumas substituições de vocábulos, tanto pelo sulista que assume uma forma regional do Nordeste, como também o contrário, um balsense usando formas mais utilizadas no Sul do país. Esse processo de substituição linguística se deve a longa convivência entre sulistas e nordestinos na região de Balsas, o que propicia a troca de experiências e usos linguísticos, sendo um processo natural de variantes em contato em um determinado tempo e espaço. Também foi possível verificar uma maior variação no nível morfo-fonológico, o que já era esperado por se tratar de variantes do português brasileiro de grupos de informantes de procedência geográfica distantes, como a sulista e a nordestina.