Este estudo tem como objetivo apresentar as narrativas (auto)biográficas como método de formação docente. No âmbito da educação inúmeros estudos no Brasil vêm sendo desenvolvidos no sentido de depreender as experiências, saberes, conhecimentos que fazem com que a pessoa se torne docente. Quais experiências marcaram e/ou marcam as trajetórias de graduandos dos cursos de Letras Libras e Letras Inglês da UFERSA? Suas histórias são dignas de serem ouvidas? Como suas narrativas de vida podem nos ajudar a pensar a formação docente? O que podemos aprender com suas histórias de vida em formação? Esses questionamentos mapearam as preocupações iniciais e guiaram a trajetória metodológica da pesquisa. Os participantes do estudo foram 05 (cinco) graduandos dos cursos de licenciatura em Letras Libras e Letras Inglês da UFERSA, campus Caraúbas/RN. O corpus de análise da pesquisa constitui-se de cinco narrativas escritas, elaboradas durante 10 (dez) encontros em ateliês de escrita (auto)biográfica, ao longo do primeiro semestre de 2017. Das análises, destacamos dois eixos construídos a partir das narrativas: 1. Família: reminiscências e suporte emocional; 2. Profissão docente: um mundo a desvendar. Com relação ao primeiro eixo, observamos que nas narrativas dos graduandos as experiências que marcaram suas trajetórias de vida relacionam-se a memória familiar, as rupturas de escolarização, impostas por acontecimentos como a maternidade e a entrada cedo no mercado de trabalho; por outro lado, é na família que está o suporte emocional e financeiro para a retomada ou a entrada na vida universitária. No segundo eixo, os participantes nos mostram que suas histórias podem nos ajudar a pensar a formação docente, principalmente, quando depreendemos seus percursos, seus desconhecimentos com relação ao curso escolhido e suas dificuldades de acesso e permanência na universidade. Com suas narrativas aprendemos que os graduandos estão compreendendo a profissão na medida em que vivenciam sua formação cotidiana na UFERSA. Desde descobrir e aprender uma nova língua, seja inglês ou libras, bem como elementos culturais das mesmas e dos seus usuários, até a percepção e representação de si mesmos como futuros professores em formação. Por fim, consideramos que as narrativas (auto)biográficas como método de formação docente nos auxilia a conhecer melhor os graduandos, suas histórias de vida e seus percursos de escolarização. Para além disso, narrar sua história pode contribuir para o empoderamento biopolítico da própria vida do indivíduo, como expressa a narrativa de uma das participantes: “descobri que minha história é importante e pode ser contada”.