No sistema de garantia de direitos para crianças e adolescentes no Brasil, o acolhimento institucional constitui uma das medidas protetivas ofertadas aos sujeitos que dele necessitem. O trabalho realizado nas instituições de acolhimento é bastante complexo, envolvendo, por exemplo, a consideração ao desenvolvimento integral dos sujeitos e às situações de separação e violência que já vivenciaram, a fim de se trabalhar a apropriação e ressignificação de sua história de vida, com fortalecimento de sua autonomia, cidadania e inserção social. Para isso, os profissionais atuantes nesse espaço precisam passar por uma formação introdutória acerca das especificidades de sua atuação, o que inclui uma capacitação prática, bem como por um processo de formação continuada, para reflexão da rotina e do atendimento que está sendo realizado. Diante disso, este trabalho objetiva discutir como esses processos educativos são percebidos por uma cuidadora residente, aqui denominada Ana, responsável por uma das casas-lares de uma instituição de acolhimento atuante na região metropolitana de Natal-RN, utilizando-se como procedimentos metodológicos: observações participantes e entrevista semiestruturada. Nas formações periódicas realizadas pela pedagoga da equipe técnica com as cuidadoras da ONG, há discussões acerca do método de avaliação do atendimento, de modo que a avaliação do serviço ofertado exige das cuidadoras um processo de autorreflexão acerca do seu fazer cotidiano. Ana destaca a necessidade de se trabalhar individualmente com cada sujeito acolhido, a partir das demandas que chegam a ela, identificadas na relação com as crianças e adolescentes à medida que vai conhecendo suas histórias de vida. Assim, percebe-se a importância da formação continuada, trabalho realizado pela equipe técnica com as cuidadoras residentes, para que estas possam, sempre conscientes de seu papel no desenvolvimento e formação dos sujeitos acolhidos, atender aos princípios e aspectos destacados pelas orientações técnicas e diretrizes que regem o seu trabalho, voltado à proteção e garantia de direitos para crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional.