Esse trabalho constitui um recorte da tese desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem na UFF na linha História, Política e Contato linguístico. No Brasil a difusão da Língua de Sinais é recente e apenas após da aprovação em 2002 do Decreto 5.626 a discussão provocada sobre a educação dos sujeitos surdos ganhou visibilidade. A discussão vem sendo ampliada tanto no que se refere ao fortalecimento do movimento surdo, quanto no que se refere às reflexões dos profissionais envolvidos com a educação a respeito das práticas pedagógicas utilizadas no processo de ensino-aprendizagem desses indivíduos. Nosso objetivo é mapear o cenário de produção de pesquisa sobre a educação de surdos e a Língua de Sinais no Brasil a fim de compreender como tem se constituído os contornos desse campo de estudo. O crescente aumento de pesquisa sobre políticas públicas para minorias e diversidade, em particular as que propõe resgatar e garantir direitos à população historicamente excluída se apresenta como fruto das transformações sociais, políticas, econômicas e culturais das últimas décadas. A análise dessa produção lança luz sobre a efetividade das políticas no que se refere à alteração das dinâmicas e da representação social desses sujeitos. Os cursos de Pós-graduação se apresentam como lugar privilegiado de produção do conhecimento e desta forma a divulgação das pesquisas sobre a temática se apresenta como um instrumento importante de política linguística e capaz de dar a ver o uso e a circularidade destas questões nas diferentes áreas do conhecimento. Em relação à concepção de surdez, os Estudos Surdos contrapõem-se à interpretação da surdez definida como deficiência, que concebe a pessoa surda a partir da ótica da deficiência e procuram enfatizar a diferença, e não a “deficiência”. Para essa concepção de surdez, o que caracteriza a comunidade surda não é apenas a deficiência da audição, sendo necessário considerar outros aspectos como a questão cultural e linguística. Entre nossas principais referências destacam-se os trabalhos de Cooper (1997), Calvet(2007), Bourdieu (1987) e Guespin & Marcellesi(1986).