Este artigo tem como objetivo analisar o acesso à água pelos camponeses e pequenos produtores rurais do Vale do Açu, especialmente nas áreas dos municípios de Assu, Ipanguaçu e Itajá, em virtude da observação de diferenças na distribuição de água na região, que prioriza o abastecimento das grandes empresas ligadas ao agronegócio, que se instalaram no Vale do Açu em decorrência da implantação da barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Haja visto que esta proporcionaria um maior suprimento de água para o desenvolvimento de atividades econômicas, principalmente aquelas voltadas para a agricultura. Além do suprimento de água para a produção agrícola, a construção da barragem também proporcionou o abastecimento de água de inúmeros municípios da região do Vale do Açu, e ainda foi responsável por perenizar o rio Piranhas-Açu, sendo este rio um dos principais responsável pelo suprimento de água da barragem, através de suas águas advindas da bacia do Piancó/Piranhas-Açu. A construção da barragem e os incentivos governamentais, especialmente nas décadas de 1970 e 1980 favoreceram a implantação de um novo modelo de agricultura voltada para uma produção em larga escala e voltada para o mercado externo, que foi introduzido na região, o que o provocou vários impactos em diversas esferas, especialmente em níveis econômicos, sociais e ambientais. Esta pesquisa foi baseada em uma abordagem qualitativa, além de pesquisa bibliográfica e documental, com o intuito de buscar fundamentos que sustentassem nosso estudo. Realizamos ainda pesquisa de campo e entrevista semiestruturada com atores sociais que vivem a realidade para a qual voltamos nossa atenção.