Segundo estudos recentes, as necessidades habitacionais brasileiras apontam um total de 7 milhões de moradias, o que representa 12% dos domicílios no país. Tais números evidenciam a problemática habitacional, que se apresenta pelo déficit habitacional e pela inadequação habitacional. Este componente corresponde às moradias que não proporcionam condições desejáveis de habitação e que representam 77% do total de unidades habitacionais produzidas. Esta também é a realidade das cidades do interior cearense, como é o caso de Quixadá, na sua maior parte construídas sem a participação direta de políticas públicas e sem atuação de profissionais técnicos capacitados. O resultado são casas com baixa qualidade espacial e péssimas condições de conforto ambiental e segurança. Diante deste cenário, faz-se necessário estudar e compreender a problemática da autoconstrução em diferentes vieses, como é o caso, por exemplo, dos seus aspectos construtivos. Esta pesquisa analisou moradias autoconstruídas buscando observar aspectos de sua localização, formas de produção, qualidade construtiva e conforto ambiental. Foram selecionadas algumas unidades habitacionais em área periférica da cidade de Quixadá, além de algumas residências do Projeto Minha Casa Minha Vida. A partir destes exemplares foi possível constatar algumas questões relativas à baixa qualidade construtiva que levam a redução das condições de moradia associadas à requisitos adequados de conforto ambiental. Os resultados obtidos indicam uma predominância da precariedade das autoconstruções quanto aos seus aspectos construtivos, o que aponta para a necessária atuação do poder público no sentido de redirecionar políticas voltadas para melhorias habitacionais destas unidades e não apenas a construção de novas habitações.