As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - incorporadas ao SUS e apoiadas pela Organização Mundial de Saúde - propõem complementar as ações de saúde numa abordagem integral e integrativa às múltiplas dimensões humanas, considerando, ainda, sua singularidade. Observa-se que a internação hospitalar de mulheres em processos cirúrgicos ginecológicos, geralmente é marcada por sentimentos de ansiedade, medo, estresse e insegurança, além de ócio, distanciamento de seus cotidianos de origem e de seus familiares. Buscando-se a construção de uma atenção humanizada, objetiva-se estimular a expressão e elaboração de sentimentos; o resgate de origens socioculturais; a promoção de bem-estar e do cuidado centrado nas pacientes e familiares; e atuação interdisciplinar horizontalizada e coletiva. No acolhimento integral e integrativo das usuárias, utiliza-se a terapia artística em rodas de conversa, de frequência semanal, no setor de ginecologia da Maternidade Escola Januário Cicco, que é composto por 16 leitos. Estas rodas são conduzidas por profissionais das seguintes áreas: enfermagem, medicina, psicologia, serviço social, terapia ocupacional, farmácia e educação física. Utiliza-se como recursos a música, a pintura, o desenho livre, colagens, poesias, imagens. Realizaram-se 68 encontros, de setembro de 2015 até o momento, em que participaram 1.218 usuárias e familiares e 118 profissionais. Por meio da observação participante, contínua e qualitativa, verificou-se no recurso da arte, inserida na roda de conversa, uma ferramenta integrativa e complementar na promoção da saúde, possibilitando a transformação de elementos da realidade hospitalar; elaboração de sentimentos de angústia; a troca de saberes; esclarecimento de dúvidas; autonomia, empoderamento e protagonismo das pacientes; a efetivação da atuação interdisciplinar. A terapia artística, aliada ao método da roda de conversa, pode ser considerada como instrumento facilitador e desencadeador da integração entre os participantes e da expressão de conteúdos singulares que, nesse contexto, podem ser compartilhados na construção de um universo coletivo com potencial transforma-dor. Ademais, a intervenção interdisciplinar mostrou-se possível e com efeitos positivos tendo em vista a complexidade e a diversidade de demandas emergentes.