A Farmácia Viva - experiencia originária do Ceará na articulação entre os saberes populares e acadêmicos - se constitui atualmente num dos eixos da PNPIC no Brasil. Este estudo propõe-se a analisar a formação em Farmácia Viva e Educação Popular desenvolvida no Espaço Ekobé- UECE, a qual se faz a partir dos pressupostos teórico metodológicos da educação popular e com o protagonismo dos sujeitos populares que constituem a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde – ANEPS- CE. Objetiva ainda, refletir sobre as potencialidades e desafios evidenciados neste percurso especialmente em relação à implementação desse eixo da PNPIC no município de Fortaleza, em diálogo com a Política Nacional de Educação Popular em Saúde- PNEP SUS. Para a construção dessas reflexões, escolhemos o relato de experiencia considerando a proposta de sistematização de HOLLIDAY (2006) e os círculos de cultura freirianos. O curso realiza-se anualmente há 03 anos sem nenhum financiamento público ou privado se constituindo com base em parcerias com a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza por meio da sua ação estratégica, as Cirandas da Vida, a Universidade Estadual do Ceará por meio do projeto de Extensão em Permacultura - NEPSA e a Secretaria Estadual de Saúde por meio do Núcleo de Fitoterapia-. NUFITO. A contribuição dos parceiros se faz na liberação de atores para atuarem como docentes do curso e doação de mudas para organização dos canteiros. Com uma carga horária de 140h envolve atores dos movimentos populares, estudantes do campo da saúde e trabalhadores da rede municipal do SUS e está estruturado em unidades de aprendizagem transversalizadas por temas e conteúdos pedagógicos de educação popular incluindo as linguagens da arte, assim como temas da humanização, participação e políticas de educação popular e práticas integrativas em saúde. Uma questão importante está na construção coletiva do material pedagógico e de produtos de sistematização do aprendizado pelos educandos em linguagens como o fanzine, vídeo, cordel, além da construção de núcleos de farmácia viva n próprio Espaço Ekobé e nas unidades de saúde de onde provêm os trabalhadores de saúde envolvidos. Estes núcleos, são compostos por mudas das espécies que constituem a Farmácia Viva no Ceará e se propõem a realizar a partir deles, oficinas com a comunidade, escolas, entre outras. Na edição de 2017, o curso envolveu 06 unidades de saúde que já estão com seus núcleos em atividade e a proposta é a realização de oficinas de produção de óleos, sabonetes, tinturas para a comunidade. Apesar das potencialidades evidenciadas uma série de desafios ainda se apresentam tais como: o apoio da gestão local e municipal, o desconhecimento de grande parte da população e dos profissionais de saúde acerca das potencialidades das plantas medicinais, o que aponta para a necessidade de pensar processo de sensibilização e mobilização desses sujeitos. A experiencia do Ekobé na articulação de diversos sujeitos e redes tem se revelado potência a ser ampliada e fortalecida como caminho de inclusão das plantas medicinais no contexto das práticas integrativas e complementares no SUS.