Dentre as possíveis alternativas para prevenção da formação de cálculos renais, a utilização de fitoterápicos é uma das práticas complementares mais difundidas. Popularmente conhecida como quebra-pedra, a espécie Phyllantus niruri é recorrentemente utilizada pela população adepta da fitoterapia, mas, devido sua ampla distribuição e facilidade de desenvolvimento, as pessoas geralmente obtém amostras dessa planta medicinal por meio de práticas extrativistas. Com o objetivo de avaliar o risco de contaminação associado ao consumo de plantas medicinais coletadas em áreas afetadas pela poluição industrial, o presente estudo avaliou amostras de solo e partes de plantas da espécie Phyllantus niruri obtidas em uma região de produção de cerâmicas, conhecidamente contaminada por Cádmio e as comparou com amostras coletadas em um local de referência, isento de contaminação. Foram determinados os teores de Cádmio no solo, bem como em raízes, caules e folhas das plantas. Da mesma forma, também foram mensuradas as concentrações do principal composto ativo da espécie, a lignana filantina. Os resultados obtidos das análises laboratoriais revelam que Phyllantus niruri pode causar toxicidade à população adepta da fitoterapia pela contaminação por Cd e pela superdosagem dos princípios ativos produzidos pela planta nas condições avaliadas. A população deve ser orientada a respeito dos riscos de contaminação relacionados à origem e método de preparo das plantas medicinais. Conforme os resultados obtidos indicam, além de evitar coletar plantas em áreas industriais de risco, outra possível orientação para uso racional de P. niruri consiste em coletar apenas as folhas para a preparação da infusão, já que enquanto Cd bioacumula-se nas raízes e caule, os princípios ativos estão concentrados nas folhas.