A febre chikungunya é uma arbovirose, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus se replica nas células das articulações, mais precisamente no líquido (sinóvia) responsável por hidratar a cartilagem e possibilitar que haja movimento ocasionando edema e dor. Entre os anos de 2016 e 2017, foram notificados 54.466 casos no Ceará. Grande parte dos acometidos por esta patologia, em fases agudas e crônicas, são atendidos na Atenção Básica (Estratégia Saúde da Família). Esta demanda e a seriedade das sequelas, foi proposto a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza – Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (COGETS) um curso de auriculoterapia para tratar sequelas da chikungunya por profissionais da atenção básica, parceria entre a Prefeitura de Fortaleza e Universidade Federal do Ceará (Laboratório de Práticas Alternativas em Saúde). O curso teve os seguintes objetivos: capacitar profissionais da atenção básica para redução das sequelas de chikungunya através de terapia complementar (auriculoterapia), como complemento ao tratamento convencional; estimular pontos específicos da orelha para aliviar as dores nos casos agudos e crônicos das sequelas físicas de chikungunya; criar protocolo de pontos para tratamento de chikungunya com auriculoterapia; realizar atendimentos na atenção básica; explicar pontos utilizados; realizar estudo de casos dos atendimentos da prática no território; reduzir o uso indiscriminado e automedicação de fármacos consumidos em larga escala no tratamento de Febre Chikungunya; implantar pontos de referências em Unidades Básicas de Saúde de Fortaleza para a prática da acupuntura auricular. Os participantes do curso foram enfermeiros, médicos, dentistas e fisioterapeutas capacitados em auriculoterapia no curso da Universidade Federal de Santa Catarina/Ministério da Saúde e especialistas em MTC. Foi utilizada linha pedagógica construtivista - o saber foi construído por facilitadores e alunos, por meio da formulação de estudo de casos e do atendimento prático com auriculoterapia. O local das aulas foi o Laboratório de Práticas Alternativas em Saúde (LABPAS) – Departamento de enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Foram realizados quatro encontros presenciais onde foi realizado: acolhimento com atividade para relaxamento e meditação (visualização criativa e cromoterapia) e reflexologia. Exposição dialogada com explicação do conteúdo do curso, registro em prontuário eletrônico e revisão do tratamento com auriculoterapia. Conseguimos durante o curso de auriculoterapia motivar os profissionais para o atendimento, ainda estagnado na maioria dos Postos de Saúde, desde o curso de auriculoterapia realizado pelo Ministério da Saúde em agosto de 2017. Durante estes três meses de curso a produção e valorização das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), com mais ênfase para a auriculoterapia, saiu de dezenas de atendimentos (realizada por quatro profissionais) para 2.520, realizada por 20 profissionais que trabalham em 16 Postos de Saúde de Fortaleza. Com este curso a Prefeitura de Fortaleza conseguiu introduzir produção e efetividade no atendimento com PICs. Houve adesão de outros profissionais das Unidades Básicas de Saúde (médicos, enfermeiros, dentistas) que encaminharam pacientes com chikungunya para atendimento com autuculoterapia, trouxe credibilidade e ampliação da autoestima dos terapeutas. Houve fortalecimento do vínculo, satisfação e credibilidade da população a este tipo de serviço diante dos excelentes resultados de cura.