A obra infantil contemporânea, em um movimento crescente desde a década de 1970, acumulou várias modificações técnicas, discursos variados e recursos de cortes e formas que resultaram na valorização desse objeto desenvolvido para um leitor na infância. Antes desse momento, era comum o uso das ilustrações com objetivos explicativos de apresentação das narrativas. Nesse esteio se encontram os livros de pop-up, ou livros móveis/interativos que se caracterizam por cortes diferentes na montagem das páginas, papel de texturas diversas, partes móveis entre outras características. Ao assumir um espaço de intercâmbio com o leitor, o livro interativo se coloca como um condutor do olhar e da leitura, uma vez que, não apenas direciona, mas, dirige o leitor a realizar o movimento de percorrer a página em busca das informações. Para este artigo desenvolveremos considerações sobre duas versões de Alice no país das maravilhas, uma publicação da Publifolha, de 2010 e com adaptação de Robert Sabuda e outra da editora Ciranda Cultural de 2010 com texto adaptado. Ora com imagens de páginas duplas, sem margens e com profusão de detalhes ao fundo, ora com fundo neutro e cenas em close, além de recortes e abas, a história se estabelece através de jogos de interação na representação dos elementos gráficos que compõem o ritmo narrativo. Podemos dizer que o espaço gráfico e narrativo são usados de forma estratégica e o jogo de significados entre elementos textuais e recursos de produção do livro constroem os sentidos da narrativa. Faremos uma proposta de leitura permeada pelo uso das estratégias de construção de sentido centradas nas inferências, verificaremos quais elementos plásticos estão dispostos no projeto gráfico e na composição do diálogo entre texto e imagem. Para tanto, utilizaremos as discussões de Ramos (2013) sobre imagem e livro infantil, Oliveira (2008) sobre as técnicas para ilustrar obras para crianças, Girotto e Souza (2010) sobre estratégias de leitura e Colomer (2017) acerca do livro de pop-up e suas peculiaridades.