Com o passar do tempo, o professor e seus saberes deixaram de representar o centro do ensino, dando, agora, lugar ao aluno, o grande responsável pelas consequências da ação pedagógica, em que o aprender torna-se mais importante que o ensinar. O objetivo deste trabalho foi evidenciar as memórias de um grupo de 30 acadêmicos do curso de licenciatura em Educação Física de uma instituição de ensino superior (IES) privada no tocante às suas experiências com a organização de atividades desenvolvidas na disciplina Prática de Ensino no Ensino Médio durante a realização das Olimpíadas e Paraolimpíadas no Brasil, a fim de verificar a influência desses megaeventos no contexto formativo da educação física. Esta é uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo que utilizou a técnica da observação participante, já que os acadêmicos passaram pela experiência direta com o fenômeno estudado, possibilitando uma maior aproximação da perspectiva dos sujeitos. O estudo foi realizado numa escola pública municipal de Cuiabá, MT. Os acadêmicos participantes produziram narrativas (instrumento utilizado para coleta de dados) que enfatizaram as memórias relativas ao planejamento e aplicação das aulas durante as práticas na escola voltadas ao movimento olímpico e paraolímpico. Para a construção narrativa individual o grupo apoiou-se em leituras sobre o contexto esportivo/educacional sob a ótica dos megaeventos, culminando em interfaces da Educação Física com temáticas relacionadas à produção e consumo, espetáculo, superação de limites, inclusão social, mercado esportivo, mídia, dentre outros. Os registros foram analisados qualitativamente e apresentados de forma narrativa. Nesse trabalho, as narrativas trouxeram no discurso de seus falantes que os legados dos megaeventos não podem, simplesmente, restringirem-se à criação e renovação de infraestrutura ou aumento da participação esportiva da população, é preciso olhar para a escola e para a formação inicial como parte desse legado, já que a fala dos sujeitos traz uma carga de contemporaneidade que os tornam “auto-reflexivos” diante do discurso que ainda alimenta o esporte-espetáculo no cenário da Educação Física.