Este trabalho visa relatar uma experiência de extensão cujo objetivo foi trabalhar as relações socioafetivas das crianças por meio do brincar. Buscou-se, especificamente, atribuir significado às expressões das crianças nas brincadeiras, no contato com os brinquedos e nas interações com seus pares, considerando suas realidades sócio-históricas e culturais, a partir de aspectos simbólicos ou concretos, e a zona de desenvolvimento proximal. Estas intervenções foram realizadas com dez crianças, de faixa etária de 4 a 6 anos, que frequentam uma creche Municipal da cidade de Campina Grande, Paraíba. A maioria dessas crianças mora próximo à escola, com seus pais, cujo nível de escolaridade é o ensino fundamental incompleto e as condições de emprego são precárias, não havendo uma faixa salarial definida. Fundamentando-se numa perspectiva psicológica, antropológica e sociológica, compreende-se que o ato de brincar é uma importante forma de comunicação e por meio desta, as crianças reproduzem suas relações com o mundo e consigo mesmas. A escolha dessas crianças foi realizada pela direção e pelas professoras da instituição, considerando o critério de necessidades sociais e afetivas. Inicialmente o grupo de extensionistas se reuniu com as crianças buscando a criação de vínculos e a abertura para a livre expressão e adequação dos tipos de brincadeiras a serem realizadas com o grupo.Após cada intervenção o grupo de extensionistas escrevia seus diários de campo, quando eram relatadas as experiências, buscando registrar aspectos do desenvolvimento, da aprendizagem, sentimentos, expressões, simbolismos e representações de cada criança que participou da experiência. A partir da leitura e análise desses diários, eram planejadas novas intervenções, buscando atender aos interesses e às necessidades das crianças. Tomando como princípio o distanciamento da visão adultocêntrica, o grupo de extensionistas participou das brincadeiras, assumindo uma posição de igualdade em relação às crianças, deixando-as livres para se expressar, respeitando o lugar e as capacidades de cada uma, observando-as e acolhendo suas preferências quanto às brincadeiras. Como o trabalho ainda não foi concluído, até o momento foram realizadas 7 intervenções semanais, com duração média de uma hora, em uma sala ampla, cedida pela direção da escola. Os resultados indicam que foram criados vínculos no grupo, possibilitando o conhecimento e a visão de mundo de cada criança, processo fundamental para o desenvolvimento de estruturas emocionais e afetivas sólidas, além de habilidades sociais adequadas para o desenvolvimento e a autonomia do cidadão.