O presente trabalho busca analisar as vozes docentes em discursos de professores da rede pública de ensino acerca da variação linguística, investigando como esses docentes concebem e transmitem para seus alunos as noções das variedades apresentadas pela língua – variedades padrão e não-padrão. Para tanto, foram realizadas duas entrevistas com professores a respeito do tema supracitado, sendo estas, analisadas sob uma ótica do ISD e da Sociolinguística. As entrevistam eram compostas por três perguntas, as quais os professores respondiam, de forma que toda a interação pudesse ser gravada em áudio. A partir dos dados obtidos observou-se que os docentes, em sua maior parte, pouco se colocam em seus discursos, deixando vir à tona vozes sociais. A “face oculta” das prescrições presentes nas instituições de ensino pode ser um motivo para tal ocorrência. Verificamos, ainda, que em alguns poucos momentos, esses docentes se manifestavam em seus discursos, fazendo ecoar, assim, a voz do autor empírico, porém, com ocorrências relativamente reduzidas. Tal fato demonstra que os referidos docentes são bem cautelosos ao se referirem ao seu próprio agir em sala de aula, neste caso, envolvendo a questão da variação linguística. Atribuímos, portanto, o referido fato à formação desses docentes, o que parece refletir uma certa lacuna em seu aprendizado transposta em suas expressões como profissional, além de sofrerem, também, influência das prescrições. Desta forma, o trabalho foi respaldado nas teorias do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2003) e da Sociolinguística (Labov, 1972; Bortoni-Ricardo, 2006, 2008), utilizando-se do aparato teórico metodológico interpretativista e se pautando em procedimentos etnográficos.