Em sua essência, o coordenador escolar, como é chamado na rede pública estadual de ensino do Ceará, surge com as funções articuladora, mediadora, transformadora e formadora da equipe docente nas escolas. No entanto, de um modo geral, as atribuições deste experto nos sistemas de ensino nem sempre são bem definidas. Este artigo discute a identidade do coordenador escolar, das escolas da rede pública estadual de ensino da cidade de Fortaleza, baseado nos resultados de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, realizada com 225 coordenadores, no ano de 2016. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um questionário, totalmente delineado em consonância com os objetivos deste trabalho, contendo 15 perguntas, que reunia dos participantes dados relacionados principalmente à faixa etária; tempo de serviço (como educador e como coordenador); formação inicial; escolaridade; rotina e organização na escola; dificuldades em exercer a função de coordenador; além de captar as principais demandas de formação. Inicialmente, apresentamos e discutimos o surgimento da função nas escolas, promovendo uma reflexão sobre o conceito de identidade e sobre o papel deste profissional no contexto atual. Em seguida, apresentamos os resultados do questionário, que nos forneceu dados valiosos sobre a rotina destes peritos, percebendo-se que estes vivem um claro conflito profissional entre a sua atuação no campo administrativo e no pedagógico e as tarefas da escola e da secretaria da educação; entre as demandas internas e as exigências externas; entre o projeto pedagógico da escola e o projeto administrativo da gestão estadual. Chamou-nos a atenção que apenas 4,2% dos participantes da pesquisa relataram acompanhar o planejamento dos professores, atuando como seu formador. A falta de clareza do próprio coordenador sobre suas responsabilidades ajuda a acentuar o desvio de sua prática profissional. A ausência de uma formação específica, apontada por 36% dos participantes como um desafio ao desempenho de sua função, contribui para que haja uma certeza do que e de como desempenhar o seu papel, levando-os a dedicar-se a outras tarefas. O questionário nos forneceu ainda sugestões de pautas para serem trabalhadas em uma proposta de formação continuada, especificamente elaborada para coordenadores escolares, uma vez que diante do exposto, torna-se evidente a necessidade de um programa de formação continuada direcionado aos coordenadores pedagógicos, tendo em vista que necessitam dispor, segundo certa ordem e método, das ações que colaborem para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola, além de organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática.