A construção do feminino como o sexo frágil permeou por muito tempo – e ainda permeia – o imaginário popular. Foi exatamente esse fator que fez com que, insistentemente, vários estereótipos do feminino permanecessem imutáveis na cultura literária e cinematográfica. Entretanto, os esforços para desmistificar a falsa inferioridade feminina ultrapassam barreiras, manifestando-se, de maneira especial, nas produções de cunho literário. Este trabalho desenvolve uma análise da personagem Daenerys Targaryen na obra A Guerra dos Tronos (2010), do norte-americano George R. R. Martin. Nele analiso como a personagem Daenerys evolui, de maneira gradativa, de mulher objeto, “vendida” pelo irmão ao selvagem Khal Drogo, perpassando todas as mazelas de um casamento forçado, até alcançar o status de mulher sujeito, quando, já no fim da narrativa, encontra-se livre da prisão do casamento, empoderada na posição de Khaleesi, líder de todo o grupo Dothraki, formado por mulheres e guerreiros que antes pertencera a seu marido, quando renasce das cinzas da pira funerária deste como a mãe de Dragões. De fato, apesar da trama do primeiro volume ser finalizar com a vitória da personagem sobre a sociedade patriarcal dothraki e de seu irmão, a obra, que se encontra hoje com o sexto livro em produção, acaba por deixar a conclusão da personagem em aberto. Entretanto, podemos situá-la como uma das mais fortes e bem construídas da série, figurando como uma das preferidas a sentarem no trono de ferro, ocupando, por fim, a posição máxima de rainha de Westeros.