A reflexão a que este artigo se propõe destina-se a investigar o potencial de representatividade da expressão linguagem inclusiva. Parte-se da pressuposição de que existe uma variedade bastante significativa de seres que não podem (ou não querem) enquadrar-se nas duas categorias de gênero historicamente instituídas. A disposição para investigar o assunto deve-se ao acompanhamento das discussões encetadas em blogs assinados por LGBTs e nas grandes redes sociais sobre novas formas de designação de gênero e também, de forma mais ampla e sutil, na convivência diária com pessoas que se designam de maneira alheia às formas convencionais de masculino e feminino. Trata-se de investigar a validade da expressão linguagem inclusiva sob a ótica daqueles que procuram, no âmbito da linguagem e da expressividade do discurso, novas denominações capazes de melhor representar suas subjetividades. A resposta a esse anseio é a formação de palavras, tais como transgêneros, transexuais, sexualidade não-binária, pangênero, dentre outras. O tema é desenvolvido a partir da tentativa de investigar a semântica da expressão linguagem inclusiva, aqui considerada como uma das respostas à luta empreendida pelo movimento feminista. Segue-se breve discussão sobre a noção de gênero e sua relação com a linguagem, que conduzirá ao próximo tópico de discussão a respeito da semântica ideológica que sustenta a expressão linguagem inclusiva. Finalmente, tecem-se as considerações a que se chegou após as reflexões aqui propostas.