Busca-se com este artigo compreender a forma como são delineadas as mulheres na sociedade por meio da representação da personagem feminina nas Histórias em Quadrinhos dos X-men. Nas revistas em quadrinhos produzidas por Stan Lee e Jack Kirby, a personagem feminina é tratada como sujeito inanimado e fruto do desejo masculino. Essas revistas são produzidas para serem consumidas por um determinado público-alvo de jovens e adultos, o qual imerge em uma determinada realidade midiática, incorporando-a e atribuindo naturalidade a um passivo e cristalizado comportamento social feminino. As revistas analisadas apresentam uma única mulher na trama, a Jean Grey, integrante do grupo do X-men, liderada pelo Professor Charles Xavier, no qual possui pouca representatividade e é constantemente diminuída dentro de sua condição de gênero, além de ser objeto de disputada pelos personagens masculinos. O contexto das primeiras histórias mostra nos diálogos dos personagens a mulher como um ser reificado, sem ação e deslocada da realidade a qual é obrigada a enfrentar. No entanto, dentro da dinâmica jurídica pouco se observa ou analisa as implicações éticas e morais estabelecidas por essas revistas, que desagregam, na sociedade contemporânea, o valor das cidadãs como sujeito de direitos e detentoras de dignidade. A questão em evidência é problematizar a imagem feminina edificada pelas revistas no intuito de entender o significado da violência contra a dignidade da mulher. A metodologia utilizada é a análise de cenas das três primeiras revistas dos X-Men, que fazem parte da primeira série lançada, em 1963, que retrata as histórias dos mutantes como “heróis” na sociedade da época.