Este artigo é resultado de leituras realizadas nas aulas de Teoria e Crítica Literárias II, no curso de Letras. O estudo da narrativa de Clarice Lispector, umas das escritoras abordadas na disciplina, suscitou aproximações com as cartas escritas pela autora e enviadas a familiares e amigos do universo das letras, durante as décadas de 1940 a 1960. Os contos escritos na década de 1950 e presentes na coletânea Laços de Família (1960/1998) gerou a discussão de questões recorrentes na narrativa de Clarice Lispector, que se fazem presentes também em cartas da autora. Dentre estas temáticas, destaca-se a tensão identitária, marcada pela “desterritorialização” das personagens femininas, bem como a potencialização de “linhas de fuga” criativas sinalizadoras de transformações subjetivas dos indivíduos. Analisamos aqui, alicerçados nos estudos de Deleuze e Guattarri (1996) e Hall (2014), uma carta de Clarice Lispector, enviada à sua irmã Tânia Kaufman, em janeiro de 1948, estabelecendo aproximações com a realidade vivida pelas personagens femininas dos contos Amor e A imitação da rosa.