O objetivo central deste artigo é fazer um estudo comparativo na perspectiva feminista entre as heroínas do romance Dom Casmurro (1857), de Machado de Assis, Capitu, e Ana, do filme Dom (2003), de Moacyr Góis, uma releitura moderna da obra machadiana. Este estudo irá mostrar como os protagonistas - de gêneros e linguagens diferentes - masculinos veem as protagonistas femininas, ambas aprisionadas em dilemas próprios do seu sexo, uma no contexto do século XIX, em condições mais opressoras, a outra, uma mulher do terceiro milênio, ainda vitima do sistema patriarcal que limitava Capitu, representado através da figura masculina que parece não ter sofrido alterações nas suas convicções enquanto esposo, mesmo no século XXI. Tal pesquisa tratará da personalidade de ambas as mulheres, pontos de distanciamentos e de aproximações entre elas, destacando suas ações e condições de vida. Além disso, faz-se necessário um estudo comparativo em relação algumas questões desenvolvidas por Machado de Assis e, posteriormente, por Góes, visando analisar as atitudes de Capitú e Ana, mas também de Bentinho e Bento, Escobar e Miguel, em relação as camadas sociais diferenciadas e os anos que separam os personagens. Dom mostra uma mulher emancipada em todos os aspectos, todavia, em constante processo de busca pelo desvencilhamento do modo de agir e de pensar da figura patriarcal representada pelo seu marido. Assim, Góes debate aspectos das relações de gênero problematizadas por Machado que ainda perduram na atualidade, castrando a liberdade total da mulher de viver plenamente as conquistas do seu sexo, em pleno século XXI.