Historicamente, a abordagem de temas relacionados a sexualidade, no ambiente escolar, sempre se revelou uma tarefa difícil. Trata-se de uma temática atravessada por mitos, crenças, estereótipos, preconceitos, valores familiares, questões morais e religiosas, por esta razão, silenciada ou escamoteada no espaço escolar. Apesar dessas dificuldades, entendemos ser imprescindível a discussão de questões referentes à sexualidade, especificamente às relacionadas aos preconceitos e violências contra minorias, visto que a escola participa ativamente no processo de desenvolvimento e formação do indivíduo. Tendo a Psicologia Educacional o compromisso com a transformação social e diante da incapacidade da escola em lidar com a temática sexualidade, o psicólogo escolar tem uma importante participação na promoção de discussões e na construção de saberes que alcancem alunos, professores e funcionários. Nosso projeto se baseia na Teoria do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kohlberg e na aplicação do método de discussão de dilemas morais hipotéticos desenvolvido por Moshe Blatt, ambos focados na abordagem da homossexualidade e homofobia no ambiente escolar. Como locus, utilizamos duas escolas (uma de nível fundamental e outra de nível médio) da rede pública de ensino do município de Pocinhos, Estado da Paraíba. Até o momento, cumprimos a etapa de observação do ambiente escolar e mantivemos contato com a comunidade os as escolas se encontram inseridas, buscando identificar o contexto interacional, bem como os valores, posicionamentos e aspectos culturais constituintes dos sujeitos que constituem o espaço escolar. Como resultados iniciais, constatamos que, como imaginávamos, a discussão da temática homossexualidade e todos os outros debates que surgem a partir dela são completamente negligenciados. Esses assuntos, quanto abordados, estão sempre acompanhados de juízo de valor, onde o indivíduo é identificado única ou prioritariamente pela sua condição sexual. Os episódios de homofobia, discriminação e preconceitos são minimizados, descaracterizados e "resolvidos" por meio de acordos que objetivam manter a ordem e boa convivência entre as partes. Prática que não combate ou previna a recorrência desses episódios.