Atualmente, as preocupações com a degradação e os agravos ao meio ambiente adquirem vultosa importância por contribuírem com a geração de problemas sistêmicos, interligados e interdependentes. Parte da sociedade brasileira contemporânea questiona os maus tratos ocasionados às cidades, a exemplo da destruição da paisagem, crescente poluição e contaminação dos recursos ambientais e exigem respostas e mudanças positivas para a requalificação dos espaços urbanos, sobretudo os voltados para os interesses coletivos, como a melhoria nas condições de saúde pública. Viver em sociedade é muito complexo. O cotidiano das relações humanas torna-se mais difícil, dramático e sufocante, com perdas em qualidade, escassez de recursos naturais e crescimento demográfico descontrolado. Tal situação, geradora de desajustes psicossociais, poderá levar ao colapso os vínculos socioambientais comunitários e as práticas compartilhadas, necessitando, pois do desenvolvimento de novos tratos. Em paralelo, associa-se a vontade da atual gestão municipal em querer minimizar esses problemas represados e entrincheirados em arranjos sociais estressantes, imbricados no ambiente antropocêntrico da “ecologia rasa”. Busca-se resgatar a autoestima das comunidades, a exemplo de plantar 100 mil árvores nativas da Mata Atlântica, pelo Programa VERDE PERTO, atenuando tensões e impactos causados com a eliminação de coberturas vegetais e espaços verdes, o que poderá contribuir com as mudanças climáticas. Nessa conjunção de interesses, surge a Escola Municipal de Jardinagem Itinerante, iniciativa da Secretaria Cidade Sustentável da Prefeitura Municipal do Salvador – SECIS/PMS, atuando em áreas públicas, em comunidades onde haja o mínimo de organização social disposta a participar e interagir. Ferramenta pedagógica que propicia a conscientização pública com investimentos em pessoas comuns, dispostas a agir pró-interesse público. Também visa disseminar técnicas de maneira acessível, com material didático específico distribuído ao público em um equipamento móvel, atendendo demandas nos bairros e comunidades. Criam-se instâncias de articulação comunitária com os atores sociais dentro das escolas, com discussões e reflexões sobre a necessidade da arborização em áreas públicas próximas. Posteriormente, interpretando percepções sociais forma-se um núcleo pró-arborização urbana, composto por representantes dos mais diversos setores organizados da sociedade local. Internamente, nas escolas, estabeleceu-se uma gestão pedagógica participativa, buscando integrar estudantes, professores, servidores públicos e fornecedores, bem como seus familiares, no trato dessa temática. Previamente, são estabelecidas palestras e oficinas sobre a preservação de áreas verdes, onde se identifica “monitores ecológicos” - lideranças que ajudaram a sensibilizar os demais colegas, eleitos os “padrinhos das árvores”, ou agentes multiplicadores, com o objetivo primordial de contribuir para a formação e o desenvolvimento de novas lideranças socioambientais comunitárias. Os que adquirem o conhecimento e plantam tecnicamente, recebem certificados de participação, tendo o compromisso de acompanhar o seu crescimento e desenvolvimento. Com o sucesso alcançado, evidencia-se que, em médio prazo, deverá ser organizada uma rede dos movimentos de transformação social, capaz de agilizar processos de mobilização de pessoas e comunidades. Assim, vislumbra-se que em 2049 (quando dos 500 anos de fundação de Salvador) esteja bastante florestada com a implantação da restauração ecológica, conforto ambiental e uma cidadania mais crítica e reflexiva sobre as questões socioambientais.