Considera-se idoso, uma pessoa com 60 anos ou mais, segundo consta no Estatuto do Idoso, lei nº 10.741/2003. Entretanto estudos revelam que a idade cronológica não é a ideal para marcar o processo do envelhecimento, porém as alterações corporais comuns nessa fase o evidenciam.
As mudanças nas esferas biológicas e psicológicas vulnerabilizam e contribuem sobremaneira para alguns processos patológicos suscetibilizando esses idosos a utilização de medicamentos na procura de curar ou de aliviar os sintomas. Porém as alterações cognitivas, comuns no envelhecer, dificultam a adesão medicamentosa, pois contribuem para uso descontinuado de fármacos utilizados em doenças crônicas, como também para a intoxicação medicamentosa gerada pelas polifarmácias e pela automedicação.
Alguns fatores contribuem na terceira idade para uma interação medicamentosa indesejada. São esses: as polifarmácias, o abuso da medicação, a desinformação quanto à posologia prescrita, automedicação, dieta, se o usuário é alcoolista ou tabagista e as condições de saúde, principalmente das funções hepáticas e renais.
A interação farmacológica favorecida por esses fatores pode gerar um efeito antagonista, agonista ou tóxico, sendo que o último pode trazer consequências à saúde do paciente.
Infelizmente a interação de diversos fármacos geram efeitos muitas vezes silenciosos e consequências catastróficas a saúde do idoso. Diante dessa problemática o presente estudo pretende conhecer o número de casos registrados por intoxicação medicamentosa na terceira idade, no Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX), do período de 2008 a 2012 e os possíveis fatores fisiopsicológicos que vulnerabilizam esses idosos a esse tipo de intoxicação.
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo transversal, que tem uma abordagem quantitativa dos dados de intoxicação por medicamentos do SINITOX (Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas) da região do Nordeste do Brasil, no período de 2008 a 2012.
Durante esse espaço de tempo, foram registrados 4563 casos de intoxicação medicamentosa na terceira idade no Brasil, dos quais de 8,7% (n=400) ocorreram no Nordeste brasileiro.Dentre as circunstâncias registradas nos casos de intoxicação medicamentosa nessa base de dados, as de maiores ocorrências são: o acidente individual, o uso terapêutico, abuso, automedicação e suicídio.
Os dados refletem a vulnerabilidade da terceira idade a uma terapia complexa e a alterações biológicas e psicológicas comuns no período do envelhecimento, logo é de inteira responsabilidade dos profissionais da saúde, com auxílio dos cuidadores, explicar a terapia farmacológica aos idosos, o porquê foi recomendada, a sua complexidade e os cuidados com a mesma.
As consequências relacionadas à intoxicação na terceira idade são graves, por isso é importante que profissionais de saúde ao receitar, administrar ou dispensar um medicamento, conheçam os fármacos já utilizados pelo paciente, para evitar assim interações que gerem toxicidade.