A Base Nacional Comum Curricular é o documento macro orientador da educação do nosso país. Embora não deve ser considerada um currículo, é inegável o papel que exerce dentro do currículo das nossas escolas. Com foco na construção de competências e habilidades, ela, sem dúvidas, condiciona o trabalho do professor. Ao se pautar no modelo de competências tende ao alinhamento com as avaliações de larga escala, regulando o trabalho pedagógico e, consequentemente, privilegiando o saber epistêmico do professor em detrimento de outros tão necessários quanto. Em contrapartida, os Critérios de Idoneidade Didática (CID), idealizado por Godino e colaboradores, defende um conjunto de saberes docentes indispensáveis ao fazer pedagógico, descrito por meio de seis facetas a saber: epistêmica – conhecimento matemático; cognitiva – nível de desenvolvimento dos alunos; afetiva – interesse e necessidades dos alunos; mediacional/meios – recursos materiais e temporais; interacional – interações entre os discentes e discentes-docentes; e ecológica – aproximação do currículo oficial às demandas reais. Tais facetas são operacionalizadas através de componentes e indicadores. Este texto tem como objetivo identificar possíveis diálogos entre os textos introdutórios da área de Matemática da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os componentes e indicadores dos Critérios de Idoneidade Didática (CID). Para isso traçamos a seguinte questão: quais componentes e indicadores dos CID estão contemplados no texto introdutório da área de Matemática, Anos Iniciais, da BNCC? Trata-se de uma investigação de natureza qualitativa, na qual se utilizou como método de produção de dados a revisão bibliográfica. Os dados foram analisados à luz dos CID. Como aporte teórico utilizamos os Critérios e Idoneidade Didática. Os resultamos mostraram que apenas as facetas epistêmica e ecológica foram contempladas satisfatoriamente, enquanto que as demais mediacional/meios, interacional, cognitiva e afetiva foram negligenciadas.